Números apresentados nesta segunda-feira pelo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, revelam que o Brasil tem aproximadamente 70 facções criminosas ativas no país. Os dados foram apresentados pelo ministro durante um evento que debateu questões relacionadas ao Sistema Penitenciário Federal, em Brasília.
Para tentar combater o avanço das facções dentro dos presídios brasileiros, o ministro defende medidas como a gravação de conversas dos líderes de facções, o fim da visita íntima e até a obrigatoriedade de que todos os chefes do crime cumpram pena apenas em presídios federais de segurança máxima.
Segundo o ministro, cerca de 50% dos presos em presídios federais compõem o Primeiro Comando da Capital (PCC), principal facção de São Paulo, e o Comando Vermelho (CV), do Rio.
O sistema federal tem 422 presos. PCC e CV são seguidos por facções do Norte e Nordeste entre as que mais têm presos no Sistema Penitenciário Federal. A Família do Norte (FDN), com 7%, é a terceira mais presente nos presídios, seguida pela Okaida (Al Qaeda), de Alagoas, com 4,7%.
Para Jungmann, o sistema prisional brasileiro é hoje o grande recrutador de criminosos para as facções. Como o Estado brasileiro não consegue prover a segurança dos detentos atrás das grades, os grupos criminosos acabam cooptado condenados em troca de segurança.
— A população tem o sentimento de que quando se retira um bandido das ruas está se fazendo justiça. Não se está fazendo justiça por uma razão, que é raiz da expansão das facções pelo país. O sistema prisional, o de maior imposição da força do Estado, não consegue garantir a vida do preso.
Decorre daí que quem vai garantir a vida do preso é a facção, quem vai assegurar a defesa do preso é a facção. Em troca disso ela exige a servidão — disse o ministro durante o IX Workshop do Sistema Penitenciário Federal, realizado no Conselho da Justiça Federal.
O Globo /// Figueiredo