Polícia

Bate boca entre Dilma e Cunha pela imprensa pode prejudicar o governo

Bate-boca entre Dilma e Cunha pela imprensa foi considerado um erro estratégico por assessores mais próximos do Planalto

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O governo tem se equilibrado no limiar entre não ofender o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e, ao mesmo tempo, tentar se descolar da imagem de Cunha, se mostrando não conivente com os supostos crimes de corrupção atribuídos pelo Ministério Público ao presidente da Câmara.

No início da semana, enquanto o Planalto se dedicava a negar a existência de um acordo com Cunha para salvá-lo, em troca do arquivamento do pedido de impeachment, a avaliação de membros do governo era de que foi um erro estratégico da presidente, entrar no bate-boca com Cunha sobre os casos de corrupção.

Na segunda-feira, provocada durante sua viagem a Suécia sobre o possível acordo, Dilma teria se excedido ao dizer: “Eu lamento que seja um brasileiro”, disse.

Cunha, prontamente, respondeu, aqui no Brasil, tentando jogar no colo do governo o escândalo de corrupção investigado na Petrobras. “Eu lamento que seja com o governo brasileiro o maior escândalo de corrupção do mundo”, disse.

Dilma, na Finlândia, reagiu: “O meu governo não está envolvido em nenhum escândalo de corrupção. Não é meu governo que está sendo acusado atualmente”, disse Dilma referindo-se novamente a Cunha, que voltou a responder, na Câmara: “Não sabia que a Petrobras não era do governo”, disse Cunha.

Embora a presidente tenha se deixado levar pela provocação, a ordem no Planalto é não emitir opinião em relação a Cunha e suas complicações com a Justiça.

No entanto, o governo entende que é preciso emitir sinais de inexistência de um acordo com Cunha, para não ser vítima do chamado “abraço de afogado”.  O “caminho do meio” neste caso, defendem palacianos, é “não comprar a pauta de Cunha”.

Cunha, por sua vez, passou a ter nas mãos um novo pedido de impeachment, apresentado pela oposição, elaborado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Conceição Paschoal, que, entre outras acusações, apontam a persistência das chamadas pedaladas fiscais também em 2015.

Cunha sinalizou que este novo pedido de impeachment poderia ter elementos que justificasse a abertura do processo.

Até agora, foram apresentados 28 pedidos de impeachment, incluindo a representação desta quarta-feira. Destes, 20 já foram arquivados por Cunha. Restam oito para serem analisados.

 Foto: Reprodução/ Cristalvox