Investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) apontam que a ação que desencadeou quatro prisões preventivas e mandados de busca e apreensão por conta da administração do Hospital Regional de Juazeiro (HRJ, apurou repasses indevidos de verbas públicas para Organizações Sociais (OSs) pela Secretaria de Saúde do Estado – Sesab..
Segundo esses órgaos responsáveis pelas investigações, a Sesab poderia,segundo depoimentos, ter alocado recursos para o combate à Covid-19 na unidade hospitalar e ter evitadp a morte pela falta de suprimentos necessários para tratamento de doenças. As informações estão contidas em sentenças que estão em sigilo de Justiça..
FUNCIONÁRIOS RELATAM DESCASO
Em trechos das decisões constam relatos de funcionários do HRJ, em que são detalhados atrasos de salário, falta de medicamentos, equipamentos básicos e de condições de trabalho, o que levou médicos a solicitarem a rescisão do contrato de trabalho com a APMI.
"Afirma-se que os recursos extras advindos da União para o combate à pandemia de Covid-19 não foram convertidos melhorias para atendimento da população local.
Afirma-se, com base nos depoimentos colhidos, que não houve criação de novos leitos (comuns ou de UTI), bem como aquisição de medicamentos e equipamentos de proteção individual, o que causou indignação entre profissionais de saúde e empregados do setor administrativo do HRJ", pontua a sentença.
Um médico denunciou que precisou escolher o paciente que deveria ministrar o antibiótico, porque não tinha medicamento para todos os internados. "A mortalidade da UTI praticamente triplicou por má gestão, falta de medicamento e o hospital está sem funcionamento do sistema de vácuo (para aspirar pacientes) há aproximadamente 3 anos, tendo que usar um aparelho portátil, que é compartilhado com vários pacientes, ocorrendo transmissão de doenças entre os pacientes", detalhou.
O mesmo profissional disse que não seria possível "nebulizar os pacientes em ventilação mecânica, pois o hospital não adquiriu o equipamento adequado (aerocâmara), muito importante para pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica, grupo de risco para Covid, tendo falecido dois pacientes, e a ausência desse equipamento pode ter contribuído para o óbito".
As manifestações ocorreram em redes sociais e aplicativos de troca de mensagens entre os funcionários do HRJ, o que ocasionou a demissão de colaboradores
Houve, além da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), busca em empresas e casas em Lauro de Freitas, em apartamentos em Salvador e Guanambi, em empreendimentos em Juazeiro e Petrolina (PE) e em um imóvel no município de Castro Alves.
No processo, foram emitidos mandados de prisão preventiva para as seguintes pessoas: Alex Oliveira de Carvalho, conhecido como “chefe” e “patrão no esquema”; Luiz Alberto Hilarião da Silva, suposto sócio da APMI, empresa terceirizada para gerir o HRJ; Anderson Fontes Vieira, sócio da M&A Laboratórios Clínicos; e Victor Calixto Tambone, responsável pela “controladoria” da APMI e apontado como elo entre Alex Carvalho e Hucilene Simões Santos, diretora-geral do HRJ.
Uma das decisões foi concedida pelo juiz federal Wagner Mota Alves de Souza, da Vara Federal Cível e Criminal da SSJ de Juazeiro, no dia 10 de agosto.
A outra sentença é do dia 10 de novembro, do juiz Pablo Baldivieso, da Vara Única da Subseção Judiciária de Eunápolis, no exercício da titularidade plena da Subseção Judiciária de Juazeiro/BA. A última decisão determinou que fossem suspensos todos os pagamentos a empresas envolvidas nas supostas fraudes e desvios ora investigados. A Sesab, por sua vez, anunciou que, a partir de agora, a gestão da unidade será feita pelas Obras Sociais Irmã Dulce .
BNotícias///Redação do LD //Figueiredo