A Bahia possui o segundo maior centro de testagem, em número de voluntários, da vacina da Pfizer contra o coronavírus. Localizado em Salvador, o Centro de Pesquisa Clínica das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) realizou testes em 1.549 participantes, segundo o pesquisador, infectologista, doutor em Epidemiologia e coordenador do Centro de Pesquisa Clínica das Osid, Edson Moreira. A instituição baiana é a coordenadora científica do estudo no Brasil. Salvador participou dos testes da fase 3, a última antes de solicitar o registro de licença para o imunizante. Por aqui, os primeiros voluntários foram vacinados em 7 de agosto. O processo de vacinação ocorreu até outubro, quando também se encerrou a inclusão de novos participantes no estudo. Inicialmente, a meta era trabalhar com 500 voluntários no centro da Osid. A Pfizer dobrou esse número e, depois, pediu um novo aumento, o que levou 1.549 pessoas a participarem dos testes. No mundo, foram 43.661 voluntários dos Estados Unidos, Brasil, Argentina, Alemanha, Turquia e África do Sul. Os voluntários ainda serão acompanhados por dois anos, informa o pesquisador baiano. De acordo com ele, os estudos da vacina também serão expandidos para além dos níveis de eficácia e segurança analisando a duração da proteção, entre outros aspectos.
O centro registrou mais de 60 casos suspeitos de coronavírus dentre os voluntários, destes alguns casos já foram confirmados, enquanto outros ainda estão em análise. Ainda não se sabe se os integrantes do estudo que adoeceram tomaram a vacina ou o placebo. Globalmente, a Pfizer fez a análise final dos dados depois de 170 participantes terem covid-19, dos quais 8 tomaram a vacina experimental e 162 receberam o placebo. A vacina tem duas doses, que devem ser aplicadas com, no mínimo, 21 dias de distância. Na primeira aplicação, já é possível detectar uma produção de anticorpos, segundo o pesquisador. Os efeitos colaterais mais comumente observados pelo estudo são: desconforto no local da injeção, febre, calafrio e fadiga. Esses eventos têm uma duração de até 24h. No Brasil, a vacina também passou por testes no Centro Paulista de Investigação Clínica (Cepic).
A parceria das Osid com a Pfizer não é nova. Segundo o pesquisador, o centro já realizou estudos com o laboratório e, inclusive, foi agraciado com a certificação de centro de excelência, algo que só é concedido a cerca de 100 instituções do mundo. Moreira conta que o centro das Osid foi convidado para coordenar o estudo no Brasil pela qualidade reconhecida do seu trabalho e pesquisa. Os resultados iniciais do estudo já apontavam que a vacina da Pfizer era mais de 90% eficaz. Nesta quarta-feira, 18, a Pfizer divulgou que concluiu os testes e que a eficácia foi de 95%. A empresa americana também disse que ofereceu a vacina para o governo brasileiro. Executivos da Pfizer se reuniram com representantes do Ministério da Saúde, segundo nota divulgada pela pasta. O pesquisador do centro das Osid afirma que a mudança no resultado é natural e que o mais importante é que a taxa de eficácia continua na casa dos 90%.
Reprodução: Correio 24 horas
da Redação do LD