O estado de saúde do papa Francisco, de 86 anos, internado desde a tarde de quarta-feira, 29, em Roma, registrou “uma clara melhora” após “tratamento com antibióticos” contra uma “bronquite infecciosa”, informou o Vaticano nesta quinta-feira, 30.
“No quadro dos controles clínicos (…) foi detectada uma bronquite infecciosa que exigiu a administração de tratamento antibiótico à base de infusão que produziu os efeitos esperados, com uma clara melhoria do estado de saúde”, indicou o segundo relatório diário da assessoria de imprensa de Santa Sé, acrescentando que o pontífice pode receber alta “nos próximos dias”.
Mais cedo, o Vaticano havia informado que o papa “voltou ao trabalho” no Hospital Agostino Gemelli.
“Sua Santidade, o papa Francisco, descansou bem durante a noite. O quadro clínico melhora progressivamente, e os tratamentos previstos continuam. Esta manhã, depois do café da manhã, leu alguns jornais e voltou ao trabalho”, afirma o comunicado, enviado pelo porta-voz do pontífice, Matteo Bruni.
“Estou comovido com as muitas mensagens recebidas nestas horas e expresso a todos minha gratidão pela proximidade e oração”, tuitou o pontífice argentino.
Francisco está no 10º andar do hospital romano Gemelli, reservado para os papas, onde por sete vezes esteve internado João Paulo II, falecido em 2005. O próprio papa atual já foi hospitalizado no local em algumas ocasiões.
Depois de afirmar na quarta-feira que a internação era motivada por “exames programados”, o porta-voz do Vaticano finalmente anunciou, após várias horas de silêncio, que o pontífice sofria de uma “infecção respiratória”.
“Nos últimos dias, ele reclamava de dificuldades respiratórias e foi submetido a exames médicos durante o dia”, explicou Bruni ontem.
Os exames médicos “mostraram uma infecção respiratória”. O diagnóstico de covid-19 foi descartado, mas Francisco precisará de “vários dias de tratamento médico hospitalar adequado”, indicou.
Semana Santa
Segundo fontes do hospital, é possível que o pontífice possa comandar a missa de 2 de abril do Domingo de Ramos no Vaticano, “salvo imprevistos”.
A missa abre as celebrações da Semana Santa, que tem como ponto máximo o Domingo de Páscoa, a data mais importante do cristianismo.
Fontes religiosas afirmam que o Vaticano está preparando um programa alternativo, caso o papa não tenha condições de presidir as cerimônias religiosas.
Trata-se de cerimônias longas e cansativas, como a Via Crúcis ao ar livre, no Coliseu de Roma, na Sexta-Feira Santa.
“Espero que se recupere muito rápido e que possa celebrar a Páscoa aqui, da São Pedro”, disse à AFP Tina Montalbano, uma guia turística italiana de 60 anos, enquanto atravessava a imensa praça.
Francisco tem ainda uma viagem programada para a Hungria no fim de abril, para acompanhar o encerramento de um Encontro Eucarístico Internacional.
A hospitalização surpreendeu a opinião pública, ainda mais porque, na quarta-feira, Jorge Bergoglio participou normalmente da tradicional audiência geral na Praça de São Pedro. Nela, apareceu sorridente e saudou os fiéis do “papamóvel”.
“Papa: O grande medo”: a manchete desta quinta-feira do jornal La Stampa descreve momentos dramáticos, depois que o pontífice revelou “uma forte dor no peito”, o que levou os auxiliares a chamarem uma ambulância com urgência.
Personalidades e líderes políticos de todo o mundo enviaram mensagens de pronta recuperação, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que pediu orações pela saúde do papa.
Problemas de saúde
Francisco, que utiliza uma cadeira de rodas desde maio de 2022, devido à artrite em um joelho, passou por uma cirurgia no cólon em julho de 2021 no mesmo hospital de Roma. Segundo ele, a operação deixou “sequelas” e, por isso, descartou uma nova cirurgia no joelho.
Os problemas médicos obrigaram-no a cancelar várias audiências em 2022 e a adiar uma viagem à África, o que provocou muitos questionamentos sobre uma possível renúncia.
Em entrevistas dos últimos meses, o papa mencionou a possibilidade de renunciar, assim como fez em 2013 seu antecessor, Bento XVI, que faleceu em dezembro de 2022.
“É verdade que escrevi a minha renúncia dois meses depois de minha eleição (em março de 2013). Fiz isso para o caso de ter algum problema de saúde que me impeça de exercer meu ministério”, revelou Francisco, embora depois tenha esclarecido que ainda não havia pensado em renunciar ao cargo.
Em julho do ano passado, ele confessou que já não podia viajar no mesmo ritmo de antes e declarou que poderia optar pelo afastamento.
No mês passado, voltou a abordar o tema para explicar que a renúncia de um papa “não deve virar uma moda” e destacou que a ideia “não estava em sua agenda no momento”.
O pontífice é atendido com frequência por uma equipe de médicos e enfermeiros, seja no Vaticano, seja durante as viagens ao exterior. A medida se faz necessária, devido à sua idade e ao seu histórico médico. Aos 21 anos, Francisco esteve à beira da morte por uma pleurisia e sofreu uma retira parcial de um dos pulmões.