O papa Francisco aceitou hoje (28) a renúncia de mais dois bispos chilenos citados em denúncias de pedofilia. Tratam-se do bispo de Rancagua, monsenhor Alejandro Goic Karmelic, e do bispo de Talca, monsenhor Horacio Del Carmen Valenzuela Abarca.
O Vaticano nomeou como substitutos Luis Fernando Ramos Perez e Galo Fernandez Villaseca, até então bispos auxiliares da capital Santiago.
As novas duas renúncias se somam às outras três anunciadas em 11 de junho, também no âmbito das denúncias de abusos sexuais, do bispo de Osorno, Juan Barros Madrid; do bispo de Puerto Montt, Cristián Caro Cordero, e do bispo de Valparaíso, Gonzalo Duarte García de Cortázar.
Em maio, o papa Francisco teve um encontro no Vaticano com 34 representantes da Igreja no Chile, que, na ocasião, anunciaram uma demissão em massa devido ao escândalo. O Papa, no entanto, não aceitou a renúncia coletiva.
Enquanto o Pontífice enfrenta a situação dentro da cúria, no Chile seguem as investigações sobre as denúncias de pedofilia, conduzidas por enviados especiais do Papa, como Charles Scicluna e Jordi Bertomeu, que já recolheram dados e relatos de vítimas, dando origem a um dossiê de 2,3 mil páginas.
Mas uma outra reportagem realizada pela Televisão Nacional do Chile apontou que há evidências de crimes sexuais em mais dioceses em todo o Chile, o que pode agravar a crise no Vaticano.
O programa “Informe Especial” da emissora viajou até Aysén, a 1.700 km de Santiago, e constatou lá a maior quantidade de abusos sexuais: 400, em cinco anos. Porém, o bispo ítalo-chileno Luis Infanti negou que tenha recebido acusações contra os sacerdotes da região. A crise na Igreja Católica do Chile começou em decorrência de denúncias realizadas por vítimas do padre chileno Fernando Karadima, já condenado pelo Vaticano por pedofilia. As vítimas acusaram também o bispo de Osorno, Juan Barros, e o arcebispo emérito de Santiago, Francisco Javier Errázuriz, de acobertar os crimes. Somente quando os enviados especiais do Papa ao Chile aprofundaram as investigações, o Vaticano começou a aceitar as renúncias e a adotar medidas punitivas.
ANSA // ACJR