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Morte de homem negro asfixiado por policiais nos EUA gera indignação internacional

Caso aconteceu no estado de Minnesota, na segunda-feira (25); manifestações pedem justiça e denunciam racismo

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A morte de um homem negro após violenta ação policial em Minnesota, nos Estados Unidos, tem causado indignação e comoção em todo o país. George Floyd, de 40 anos, morreu asfixiado na segunda (25) enquanto o policial que o rendeu manteve-se ajoelhado sobre seu pescoço.

Fortes imagens que circulam amplamente nas redes sociais, filmadas por testemunhas, mostram que Floyd afirmou que estava sendo sufocado diversas vezes. “Não consigo respirar”, disse, repetidamente. No entanto, o policial permaneceu na mesma posição. Em outro momento, ele clamou: “Não me mate”. 

Além de ignorar os pedidos da vítima, o vídeo de dez minutos mostra que os policiais também ignoraram os gritos das pessoas que presenciaram a abordagem abusiva. Alguns disseram “o nariz dele está sangrando", enquanto outros pediam "saia do pescoço dele", reforçando que ele estava completamente imobilizado no chão.

Poucos minutos depois, Floyd parece não se mexer. Ele é colocado em uma maca, e transferido para uma ambulância. Após o óbito ser constatado, a polícia de Minneapolis disse em comunicado oficial que Floyd morreu "após um incidente médico durante uma interação policial". 

A corporação alegou ainda que os policiais respondiam a uma chamada que acusava um homem de tentar usar cartões falsos em uma loja de conveniência. Floyd, que estava dentro de um veículo, foi considerado como suspeito por dois policiais, que afirmam que ele "parecia estar intoxicado". 

Segundo a versão da polícia, foi ordenado que o homem saísse do veículo mas houve resistência. Os quatro policiais envolvidos na prisão foram demitidos e a morte é investigada pelo FBI.

Protestos

Mesmo em meio à pandemia da covid-19, na qual os Estados Unidos é o país com maior número de pessoas infectadas, diversas manifestações foram registradas nas ruas do município de Minneapolis.

Clamando por justiça, centenas de pessoas se reuniram no local onde aconteceu o episódio, com cartazes da campanha “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam, em português) e mensagens que denunciam o racismo da polícia estadunidense. 


População de Minneapolis ocupa as ruas em memória de George Floyd / Foto: Kerem Yucel/AFP

Njimie Dzurinko, integrante da Poor People's Campaign e do movimento negro, condena a ação policial e ressalta que a violência é estrutural contra essa população.

"Ele não fez nada violento. Ele não machucou ninguém. Era acusado de um crime econômico e por isso foi sufocado e morreu, com várias pessoas olhando e filmando. A história da polícia desse país retoma a escravidão do povo africano. A primeira polícia foram os capatazes, que perseguiam os escravos. A força policial sempre se desenvolveu nesse país sendo fundamentalmente anti-negros e anti-pobres. E é assim até hoje", critica a ativista, em entrevista ao Brasil de Fato.

 

A história da polícia desse país retoma a escravidão do povo africano.

Os manifestantes relembram o caso de Eric Garner, que também morreu estrangulado por policiais ao ser preso em Nova York, em 2014. Ele repetiu, por 11 vezes, “não consigo respirar”. A frase “I can’t breathe”, em inglês, se tornou uma palavra de ordem internacional, usada em repúdio à violência policial contra a população negra. 

Brasil de Fato // Itatiaia Fernandes