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Ex-presidente Bush pede aos EUA fim do “racismo estrutural”

É hora de os Estados Unidos examinarem seus trágicos fracassos

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Ex-presidente Bush pede aos EUA fim do “racismo estrutural”

O ex-presidente republicano George W. Bush pediu nesta terça-feira aos Estados Unidos que examinem suas “falhas trágicas” para acabar com o “racismo estrutural”, em um momento de mobilizações sem precedentes pela morte de um cidadão negro nas mãos da polícia. “Essa tragédia – que faz parte de uma longa lista de tragédias semelhantes – levanta uma questão que deveria ter sido levantada antes sobre como acabar com o racismo estrutural em nossa sociedade”, disse o ex-presidente em comunicado.

Bush, que ocupou a Casa Branca entre 2001 e 2009, afirmou que é um “fracasso chocante” que numerosos afro-americanos, especialmente jovens, sejam “assediados e ameaçados em seu país”. “É hora de os Estados Unidos examinarem seus trágicos fracassos”, disse o ex-presidente, em um momento em que o país passa pelas mobilizações mais importantes desde a década de 1960, durante a luta pelos direitos civis.

Nesta terça-feira, as mobilizações pela morte de George Floyd, oito dias atrás, pelas mãos de um policial branco se intensificaram depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou mobilizar o exército na segunda-feira.

Lista de protestos de cunho racial que ocorreram no país.

– 1965: Los Angeles -A prisão por policiais brancos de um jovem negro, Marquette Frye, durante um controle de trânsito seguido de uma briga com membros da família, desencadeia uma revolta no gueto de Watts, em Los Angeles.

Por seis dias, de 11 a 17 de agosto, este bairro pobre se transforma em uma zona de guerra onde guardas nacionais fazem patrulhamento em jipes, armados com metralhadoras, sob um toque de recolher.

O custo é alto: 34 mortos, 4.000 prisões e danos, totalizando dezenas de milhões de dólares.

– 1967: Newark -Uma briga entre dois policiais brancos e um taxista negro leva a tumultos em Newark, Nova Jersey. Durante cinco dias, de 12 a 17 de julho, a violência chocou o bairro, em um contexto de pobreza exacerbada pelo calor. A violência deixa 26 mortos e 1.500 feridos.

– 1967: Detroit -Os distúrbios surgem em Detroit após uma intervenção policial na 12th Street, onde vivem principalmente famílias negras.

As tropas do Exército e da Guarda Nacional são mobilizadas. De 23 a 27 de julho, os confrontos deixaram 43 mortos e mais de 2.000 feridos.

Os distúrbios se espalharam para vários estados, incluindo Illinois, Carolina do Norte, Tennessee e Maryland.

– 1968: assassinato de Martin Luther King -Após o assassinato do pastor Martin Luther King em Memphis, Tennessee, em 4 de abril, a violência irrompe em 125 cidades, deixando pelo menos 46 mortos e cerca de 2.600 feridos.

Em Washington, uma cidade então habitada por dois terços de afro-americanos, houve incêndios e saques.

No dia seguinte, os distúrbios se espalharam pelos distritos comerciais do centro, a cerca de 500 metros da Casa Branca.

O Presidente Lyndon B. Johnson apela às Forças Armadas, que também intervêm em Chicago, Boston, Newark e Cincinnati.

– 1980: Miami -De 17 a 20 de maio, três dias de tumultos deixaram 18 mortos e mais de 400 feridos no distrito negro de Liberty City, em Miami (Flórida). A violência irrompe após a absolvição em Tampa de quatro policiais brancos processados por espancar até a morte um motociclista negro que havia furado o sinal vermelho.

– 1992: Los Angeles -Em 29 de abril, a absolvição de quatro policiais brancos que mataram um motorista preto, Rodney King, em 3 de março de 1991, inflamou a megalópole. A violência se espalha para São Francisco, Las Vegas, Atlanta e Nova York, deixando 59 mortos e 2.328 feridos.

– 2001: Cincinnati -Em 7 de abril, um jovem negro de 19 anos, Timothy Thomas, é morto em Cincinnati por um policial branco durante uma perseguição. Sua morte resulta em quatro dias de violência, com 70 pessoas feridas.

A calma retorna após o estabelecimento do estado de emergência e do toque de recolher.

– 2014: Ferguson -A morte de um jovem negro de 18 anos, Michael Brown, morto a tiros por um policial branco em Ferguson, Missouri, desencadeia violentos distúrbios que duram dez dias, de 9 a 19 de agosto, com confrontos entre forças segurança.

No final de novembro, o anúncio da retirada das acusações contra o policial provocou uma nova onda de indignação.

– 2015: Baltimore -Freddie Gray, um jovem negro de 25 anos, morre em 19 de abril, uma semana depois de sofrer uma fratura no pescoço enquanto é transportado pela polícia em Baltimore, Maryland.

A circulação de vídeos de testemunhas da prisão de Gray, que ocorre por meio a uma discussão com um policial, desencadeia violentos protestos e saques nesta cidade de 620.000 habitantes, dos quais quase dois terços são negros.

O estado de emergência é declarado e as autoridades chamam os soldados da Guarda Nacional para reforçar a segurança.

– 2016: Charlotte -Manifestações violentas eclodiram em Charlotte, Carolina do Norte, em setembro, após a morte de Keith Lamont Scott, 43 anos, um homem negro que morre após descer de um veículo intimidado pela polícia.

Segundo a versão policial, ele foi morto por um tiro por se recusar a soltar uma arma de fogo. Mas os membros de sua família afirmam que ele só tinha um livro em mãos e que estava esperando pelo filho em um ponto de ônibus.

Após várias noites de protestos tensos, o governador declara estado de emergência e pede reforços aos soldados da Guarda Nacional.

Fontes: Isto É e UOL | da Redação do LD