A Coreia do Norte denunciou nesta terça-feira o envio “insensato” da Marinha americana à península coreana, advertindo que o governo está preparado para responder com “a poderosa força das armas” se for necessário.
O envio por parte de Washington de um porta-aviões e sua frota para a região “vem provar que os movimentos insensatos dos Estados Unidos para invadir a República Democrática Popular da Coreia alcançaram uma fase grave”, disse um porta-voz do Ministério norte-coreano das Relações Exteriores, segundo a agência oficial de notícias KCNA, o primeiro comentário de Pyongyang desde a manobra americana no domingo.
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O grupo aeronaval americano, que inclui o porta-aviões “USS Carl Vinson”, dois destróieres e um cruzeiro (todos equipados com mísseis) cancelou uma escala programada para a Austrália e seguiu para o Oceano Pacífico ocidental de Cingapura, em uma demonstração de força diante das crescentes ameaças do governo norte-coreano.
Trump já ameaçou adotar ações de forma unilateral contra Pyongyang se Pequim não conseguir deter o programa nuclear do país vizinho.
“A República Democrática Popular da Coreia está preparada para reagir a qualquer forma de guerra desejada pelos Estados Unidos”, afirmou Pyongyang, segundo a KCNA.
“Tomaremos as medidas (…) mais severas contra os provocadores para nos defendermos com a poderosa força das armas”, completou o porta-voz da Chancelaria norte-coreana, segundo a KCNA.
– Sexto teste? –
As especulações sobre um iminente teste nuclear crescem com a proximidade do sábado, dia do 105º aniversário do nascimento do líder fundador da república norte-coreana. Essa data costuma ser celebrada com uma demonstração militar.
O primeiro-ministro sul-coreano e presidente interino alertou nesta terça-feira sobre o risco de uma “grave provocação” do Norte, que também poderia acontecer em 25 de abril, dia do aniversário da criação do exército do país.
“Existe a possibilidade de que o Norte incorra em provocações mais graves, como um novo teste nuclear, para celebrar distintos aniversários”, declarou Hwang Kyo-ahn.
As tensões coincidem nesta terça-feira com uma sessão da Assembleia Legislativa da Coreia do Norte, que se reúne uma ou duas vezes por ano para votar o orçamento do Estado e ratificar as decisões tomadas pelo partido único da Coreia do Norte.
Pyongyang busca desenvolver um míssil de longo alcance capaz de chegar aos Estados Unidos com uma ogiva nuclear e até agora realizou cinco testes nucleares, dois deles no ano passado.
A análise de imagens de satélite sugere que Pyongyang estaria preparando um sexto teste, enquanto a Inteligência americana adverte que os norte-coreanos podem estar a menos de dois anos de conseguir a capacidade de atacar o continente americano.
Ao mesmo tempo, Seul e Washington estão realizando treinamentos militares conjuntos, um exercício anual que é visto pelo Norte como uma preparação para a guerra.
China e Coreia do Sul concordaram na segunda-feira sobre a necessidade de adotar novas medidas contra o regime norte-coreano em caso de um sexto teste nuclear.
“Concordamos que devem ser adotadas duras medidas adicionais, baseadas nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU, se o Norte seguir adiante com um teste nuclear ou o lançamento de um míssil balístico intercontinental, apesar das advertências da comunidade internacional”, declarou Kim Hong-kyun, enviado de Seul para questões nucleares, após uma reunião na capital sul-coreana com o representante chinês para o tema, Wu Dawei.
O encontro aconteceu pouco depois de Trump ter recebido o presidente chinês Xi Jinping para uma reunião durante a qual pressionou Pequim a atuar para conter as ambições nucleares norte-coreanas.
O conselheiro de Segurança Nacional H.R. McMaster advertiu no domingo que a desnuclearização de Pyongyang “tem que acontecer”. Em caso contrário, disse, o presidente Trump solicitou uma “série de opções para eliminar a ameaça” nuclear norte-coreana, em referência aos assessores da presidência.
Um ataque de curto alcance dos Estados Unidos contra a Coreia do Norte poderia ser efetivo, mas também poderia colocar em risco a vida de muitos civis na Coreia do Sul e iniciar um grande conflito militar, segundo analistas.
AFP