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Casal que mantinha os 13 filhos em cárcere privado e sem comida pode ser condenado a até 90 anos de prisão

Sem que ninguém percebesse, um enredo de filme de terror se desenvolvia numa casa de classe média em Perris, a 100 quilômetros de Los Angeles, Califórnia.

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Crédito: Divulgação

Sem que ninguém percebesse, um enredo de filme de terror se desenvolvia numa casa de classe média em Perris, a 100 quilômetros de Los Angeles, Califórnia. Ali, o casal Louise Anna, de 49 anos, e David Allen Turpin, de 56, parecia criar seus 13 filhos normalmente, com as dificuldades financeiras inerentes a uma família numerosa, mas sem qualquer comportamento que causasse estranheza na vizinhança. Na última semana, porém, descobriu-se uma história aterradora: a prole dos Turpin, de 2 a 29 anos, era mantida em em condições desumanas: um grupo de crianças e adolescentes acorrentados às suas camas, sujos e famintos. Sete dos treze filhos, por causa dos longos anos expostos a maus tratos, eram maiores de idade, apesar da aparência infantil.

A descoberta só veio à tona porque uma das filhas dos Turpin, de 17 anos, conseguiu escapar, telefonar para a polícia e denunciar a situação terrível em que ela e seus irmãos viviam. Interrogados, os pais não foram capazes de dar qualquer explicação razoável sobre os motivos para manter os filhos em situação tão precária. A polícia apurou que as crianças apanhavam regularmente. Os pais compravam comida e mostravam aos filhos, mas impediam as crianças de comer. Forçadas a dormir de dia, elas ficavam acordadas durante a noite. Os Turpin moravam em Perris desde 2014 e, até agora, não havia qualquer registro de incidentes na residência e nem na moradia anterior da família, em Murrieta, uma cidade próxima. Vizinhos se lembram de ter visto algumas das crianças ajudando o pai a cuidar da grama no jardim. Só puderam notar que elas pareciam abatidas e tristes.

“Absoluta depravação”

Depois da prisão em flagrante, o juiz encarregado do caso fixou uma fiança de US$ 9 milhões para cada um dos pais, que podem ser condenados a até 90 anos de detenção por tortura e maus tratos de menores. Os Turpin eram donos de um colégio, o Sandcastle Day School, no qual David aparecia como diretor e cujo endereço registrado era a residência da família. Nenhum dos filhos frequentava escola: todos, supostamente, recebiam educação dentro de casa. O caso traz à tona situções recorrentes de abusos praticados por pais que se recusam a matricular os filhos em escolas regulares. “Há algumas situações que são realmente assombrosas”, disse Michael Hestrin, promotor do caso. “Estamos lidando aqui com uma experiência de absoluta depravação humana”.

Estadão Conteúdo // AO