Pescadoras e pescadores artesanais de Ilha de Maré, que fica em Salvador, e moradores de comunidades do entorno fizeram um ato em defesa do Rio de Aratu, nesta segunda-feira (22). O objetivo do ato foi denunciar o desmatamento de grande extensão de manguezais na região.
"O ato em defesa das águas, em defesa dos manguezais. Uma empresa chamada Bahia Terminais tirou mais de sete hectares de mangue na região. É uma região quilombola, uma região de pesca, a Baía de Aratu é uma das regiões mais importante para os pescadores e para a Baía de Todos-os-Santos", disse Eliete Paraguaçu, uma das lideranças do grupo.
O ato começou por volta das 9h e contou com a presença de cerca de 100 pessoas em diversas canoas. A pescadora Eliete Paraguaçu contou que funcionários da Bahia Terminais foram ao local e ameaçaram alguns dos manifestantes.
"É uma região que tem uma contaminação por metais pesados a partir da chegada do desenvolvimento, a partir da chegada do porto e do seu complexo e a única área que a gente tinha de mangue e uma floresta foi devastada por essa empresa", contou.
Segundo o grupo, o objetivo da mobilização é mostrar irregularidades cometidas pela Bahia Terminais na execução doe um projeto e os impactos no território tradicional e na vida da população das comunidades.
Os pecadores afirmam que a Bahia Terminais teve a autorização para supressão de vegetação e dragagem suspenso após determinação judicial, por causa de irregularidades na licença ambiental, mas segue descumprindo a decisão.
Além disso, de acordo com o órgão, tem efetuado corte ilegal de manguezais centenários e aterrado áreas de manguezais e coroas, locais onde os pescadores e quilombolas tiram o sustentam da família e abastecem a sociedade com mariscos e pescados.
"Essa empresa está impedida, a gente fez uma denúncia há quatro meses, ela está proibida pelo poder, pelo Ministério Público Estadual e Federal e mesmo assim ela continua trabalhando. Então a gente veio fazer esse ato em defesa da Baía, das águas, na defesa do mangue, da vida e na defesa do direito ao bem viver", desabafou Eliete Paraguaçu.
Porto de Aratu, também conhecido como Aratu-Candeias, é um dos mais importantes canal da produção química e petroquímica do país. Entre as mercadorias que passam por lá estão carvão mineral, enxofre, fertilizantes, combustíveis (gasolina, óleo diesel e etanol), e alguns gases, como amônia e buteno.
Em setembro de 2020, o Ministério Público da Bahia (MP-BA), por meio da promotora de Justiça Cecília Carvalho Marins Dourado, recomendou ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) a suspensão imediata do processo administrativo que autorizou as obras do terminal portuário, na Baía de Aratu, na região metropolitana de Salvador.
O G1 entrou em contato com o MP-BA para saber como anda o processo contra a Bahia Terminais e aguarda o posicionamento do órgão sobre o caso.
O G1 tentou contato com a empresa, por meio da assessoria, mas até a publicação desta reportagem, não conseguiu.
Fonte: G1 Bahia//LC