Geddel e Lúcio Vieira Lima — Foto: Montagem
O juiz federal Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, condenou Marluce Quadros Vieira Lima, mãe do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB), a uma pena de dez anos de prisão por crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa. Devido à idade avançada, 82 anos, ela terá direito a cumprir pena em regime domiciliar, caso o juiz de Execução Penal decida nesse sentido.
Em sua sentença, Vallisney apontou que Marluce participou em conjunto com Geddel do processo de ocultação e lavagem de R$ 42 milhões e de US$ 2,6 milhões, valores que teriam sido obtidos como pagamento de propina destinada a Geddel, de acordo com outras investigações.
Os valores foram encontrados pela Polícia Federal em malas de dinheiro em um apartamento ligado a Geddel em Salvador, em um caso que entrou para o folclore político.
Um dos funcionários da família, Job Ribeiro Brandão, afirmou em depoimento que Marluce guardava dinheiro vivo no closet de seu apartamento e administrava esses valores.
"Marluce Vieira Lima, pessoa inteligente, preparada e muito ativa, além de administradora dos negócios da família, tinha plena consciência de sua conduta ilícita e a dos filhos nos diversos delitos praticados por eles contra a administração pública federal (peculato e corrupção), da ilicitude de suas condutas e a necessidade de dar vazão aos recursos ilícitos, lavando-os", escreveu Vallisney.
A defesa de Marluce argumentou no processo que ela acreditava que o dinheiro era oriundo de atividades rurais ou do posto de combustível da família. O juiz, entretanto, rebateu o argumento afirmando que houve tentativa de ocultar os valores, o que reforça a origem ilícita do dinheiro. Segundo Vallisney, Marluce e Geddel determinaram a transferência do dinheiro vivo em malas para o outro apartamento no bairro da Graça, em Salvador, onde acabaram sendo encontradas pela Polícia Federal.
"O conjunto probatório demonstra que, no período de 2011 em diante até 05.09.2017, foi formada uma associação criminosa familiar, ocultamente concebida, estável e permanente, entre Marluce Vieira Lima e os filhos Geddel Quadros Vieira Lima e Lúcio Quadros vieira Lima, com o fim específico da prática de delitos, especialmente de lavagem de dinheiro", diz trecho da sentença de 30 páginas.
Globo /// Figueiredo