Como manda a tradição, o Olodum deu início ao Carnaval do bloco na tarde desta sexta-feira (21), com a saída oficial de sua sede, no Pelourinho. Baianos e turistas se aglomeraram em frente à Casa do Olodum para conferir a última apresentação da banda antes do desfile do bloco no circuito do Campo Grande hoje à noite.
Um dos blocos afro apoiados pelo edital Ouro Negro, no entanto, o Olodum inovou na regência da banda. Pela primeira vez, uma mulher no comando. O bloco faz uma homenagem às mulheres com o tema “Mãe, Mulher, Maria: Uma História das Mulheres” e teve, pela primeira vez em 40 anos de história do bloco, uma mulher regendo os 120 percussionistas da banda.
Na tarde desta sexta, a maestrina Andréia Silva Reis, de 44 anos, foi quem conduziu a banda que tomou toda a rua em frente à Casa do Olodum, enquanto os três vocalistas cantavam lá de cima das sacadas do antigo casarão. Descoberta aos 12 anos de idade, quando tocava numa banda de latas com amigos, Andréia foi a primeira mulher a ingressar na Escola do Olodum e é uma das 20 percussionistas mulheres da banda.
“Apesar de todos os avanços e conquistas, as mulheres estão passando por um momento crítico, então, nada melhor que no Carnaval, nessa festa popular, trazer a mulher como tema não só para homenagear, mas também para mostrar a responsabilidade do Olodum”, ressaltou Rita Castro, coordenadora de Eventos do bloco e integrante do Conselho Consultivo do Olodum.
O tema também faz referência à canção “A Ver Navios”, dos compositores Valmir Brito e Roque Carvalho, lançada no álbum A Música do Olodum (1992), e regravada no EP 40 anos, lançado pela banda no ano passado. “Mãe, Mulher, Maria, Olodum, amamentando o dia”, diz o refrão da canção que fala sobre opressão e resistência.
Professora do Instituto Federal da Bahia, Joelma Santos é fã do Olodum e se emocionou ao ver uma mulher à frente da banda pela primeira vez. “Eu e meus irmãos praticamente nascemos no Olodum, vivemos o bloco desde crianças, e o Olodum ainda não tinha homenageado essas mulheres do cotidiano que tanto sofrem com a discriminação na sociedade”, destacou a foliã.
O governador Rui Costa e a secretária de Cultura Arany Santana marcaram presença.
Bahia/ba/Figueiredo