Durante o Carnaval, o Serviço de Atendimento às Mulheres Expostas à Violência Sexual (Serviço AME) do Hospital da Mulher (HM), no Largo de Roma, em Salvador, continuará de portas abertas, durante as 24 horas. O atendimento multidisciplinar é realizado por uma equipe formada por médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais. Os profissionais atendem tanto os casos de emergência quanto os que ocorreram há mais de 72 horas, meses ou até anos.
“O serviço funciona todo o ano, 24 horas, independentemente de datas comemorativas. Na emergência, a vítima recebe atendimento médico com ginecologista de plantão. São realizados as profilaxias das Doenças Sexualmente Transmissíveis [DST], os procedimentos de contracepção de emergência para evitar gravidez indesejada, teste de HIV e também os exames sorológicos, para identificar se a vítima já tem alguma DST. Depois, a paciente continua aqui para as consultas de seguimento, que podem durar até 6 meses”, explica a coordenadora do Serviço AME, a ginecologista Jamile Martins.
Aos 20 anos, uma jovem autônoma recebe atendimento psicossocial desde outubro de 2017 no Serviço AME. Ela tenta superar o trauma de uma agressão sexual, sofrida durante uma festa de Natal entre amigos, quando tinha 13 anos. Após beber o que pensava ser refrigerante com energético, a então adolescente passou mal. Aceitou a ajuda de um amigo, mas acabou violentada por ele. Após o episódio, ela não teve nenhuma ajuda, que surgiu somente depois que uma amiga que passou pelo AME indicou o serviço.
“Antigamente, eu não conseguia falar sobre isso, não conseguia me abrir com as pessoas, me entender nem explicar o que eu esteva sentindo, para saber continuar com a minha vida. As pessoas daqui me ajudam a me conhecer e a me aceitar. É uma diferença enorme”, conta a jovem.
A coordenadora de psicologia do AME, Mariana Britto, explica que as mulheres que não chegam a tempo de realizar o atendimento de emergência também recebem acompanhamento da equipe multiprofissional. “A violência sexual não é somente a violência física, que precisa de medicações. Ela vem acompanhada de outras violências. Quando acontece a violência física, todas as outras violências são ativadas. Então, a gente precisa cuidar do emocional dela, reestruturá-la emocionalmente e a família também, na medida do possível”, comenta a psicóloga.
Secom // AO