O presidente do Vitória, Paulo Carneiro, foi afastado na noite desta quinta-feira (2) após reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do clube. A decisão prevê, inicialmente, que Carneiro ficará fora das suas atividades dentro do clube pelo período de 60 dias para que as possíveis infrações apontadas no relatório da Comissão de Ética sejam apurados.
Com a decisão, a previsão seria que o vice-presidente, Luiz Henrique Viana, assumisse a presidência do clube interinamente. No entanto, em áudio vazado nesta quinta-feira, o próprio Paulo Carneiro revelou que o companheiro da chapa 'Vitória Gigante' também deixará o Conselho Diretor. Caso se confirme, o cargo passa para o presidente do Conselho Deliberativo, Fábio Mota.
"A partir de amanhã o Vitória está no caos, pois vai ser dirigido por Fábio Mota. Ele vai sair da secretaria de Turismo da Prefeitura para dirigir o Vitória? Eu não sei nem como ele é secretário de Turismo, com essa forma pusilânime. Ele não pode dirigir uma Instituição, mas ele vai ser, pois o meu vice não vai ficar nessa confusão […] Nós estamos juntos. Se tem indício de gestão temerária, são os dois, o presidente e o vice. Mas eles só queriam atingir o presidente", afirmou Carneiro.
A votação do conselho foi realizada no estádio Manoel Barradas (Barradão) de forma nominal. Dentre os votantes, nenhum apoiou a permanência de Paulo Carneiro na gestão do Rubro-Negro baiano. Ao todo, foram 76 pessoas que escolheram o afastamento e somente três abstenções.
Paulo Carneiro é o quinto presidente a assumir o Vitória nos últimos seis anos. A instabilidade política tem tomado conta do clube desde a saída de Alexi Portela Jr, que deixou o cargo em 2013. Durante este período, assumiram o clube Carlos Falcão (2014-2015), Raimundo Viana (2015-2016), Ivã de Almeida (2017) e Ricardo David (2018-2019).
O engenheiro mecânico retornou ao clube após 14 anos para substituir Ricardo David. Carneiro foi eleito pelos sócios no primeiro turno, com 67,86% dos votos, em eleição direta realizada em abril de 2019.
No entanto, em relatório produzido pela Comissão de Ética do clube baiano, a gestão de Paulo Carneiro é acusada de cometer uma série de irregularidades. Entre as principais, estariam transações financeiras de atletas; acordos com empresas sem formalização e que não beneficiariam o Vitória; adiantamento do próprio salário, enquanto outros setores do clube estão atrasados; além de recebimento como pessoa jurídica.
Além disso, ainda foram apontados problemas referentes a questões de fiscalização das contas do clube, como "ausência de conciliações bancárias; ausência de prestação de contas do exercício de 2020; falta de sistematização dos trabalhos fiscalizatórios; total dependência do Conselho Fiscal em relação ao Conselho Diretor para acesso às informações contábeis, financeiras e contratuais; impacto da baixa qualidade, precisão integridade e completude das informações fornecidas pelo Conselho Diretor nos trabalhos fiscalizatórios; e desapego de ritos estatutários e de governança pelo Conselho Diretor".
Ao fim do documento, a Comissão de Ética afirma que as apurações revelam uma situação administrativa "alarmante", onde há um impedimento de fiscalização dos atos praticados pelo presidente do Conselho Diretor, o que abriria margem para a ocorrência de irregularidades, sem qualquer controle ou compromisso com o estatuto do clube.