Esporte

'Neymardependência' desafia o técnico Tite em sua chegada à seleção brasileira

No Corinthians, ele se notabilizou por montar times sem um único protagonista

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O técnico Tite assume a seleção brasileira com pelo menos seis desafios deixados por Dunga. Todos convergem para um único objetivo: evitar o vexame de não classificar o Brasil para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

A CBF resolveu demitir Dunga não apenas por causa da eliminação precoce na Copa América Centenário. A incômoda sexta colocação nas Eliminatórias também foi fundamental para a contratação de Tite. Até por conta disso, o ex-técnico do Corinthians abriu mão de comandar a seleção olímpica para poder concentrar esforços no time principal.

Hoje, o diagnóstico é que o maior problema da seleção é a chamada “Neymardependência”. Sem o craque do Barcelona em campo, o Brasil não conseguiu bons resultados nos últimos dois anos. Tite terá de encontrar jogadores que possam dividir o protagonismo com Neymar. Hoje, os principais candidatos são Douglas Costa, do Bayern de Munique, e Willian, do Chelsea.

No Corinthians, ele se notabilizou por montar times sem um único protagonista. Suas equipes sempre se destacaram pelo jogo coletivo. Foi assim nas conquistas da Copa Libertadores de 2012 e do Campeonato Brasileiro do ano passado, por exemplo.

Seguindo a máxima de que “um bom time começa com grande goleiro”, outro desafio de Tite será encontrar um goleiro realmente confiável. Alisson, aposta de Dunga, falhou diante do Uruguai nas Eliminatórias e depois levou um frango contra o Equador na Copa América Centenário. Teve sorte que a arbitragem errou e anulou o gol. O goleiro também foi criticado por não ter conseguido cortar o cruzamento que deu origem ao gol de mão do peruano Ruidíaz na partida que eliminou o Brasil nos Estados Unidos.

Conhecido pelo seu bom relacionamento com os jogadores, Tite terá ainda de trazer de volta à seleção jogadores que têm se destacado em seus clubes na Europa, mas ficaram fora das últimas convocações por causa de problemas com Dunga. São os casos, principalmente, do lateral-esquerdo Marcelo, do Real Madrid, e do zagueiro Thiago Silva, do Paris Saint-Germain. Como a seleção voltará a jogar apenas em setembro, quando encara o Equador pelas Eliminatórias, em Quito, Tite terá tempo de ter conversas individuais com esses atletas.

Também caberá a Tite definir um esquema tático e dar padrão à seleção. A estratégia de Dunga era escolher o sistema de jogo da equipe de acordo com o adversário. Na maioria das vezes, ele alternava a escalação entre os esquemas 4-4-2 e 4-1-4-1. Já Tite é fã confesso da segunda opção. Nos últimos dois anos, o Corinthians jogou assim e o treinador deve também levar esse esquema para a seleção. Dentro desse sistema, outro desafio de Tite será encontrar um meia que efetivamente arme as jogadas da equipe. Renato Augusto, Willian, Lucas Lima e Philippe Coutinho bateram cabeça na Copa América Centenário e jogaram desconectados do ataque, sem conseguir fazer a ligação entre a defesa e os atacantes. Paulo Henrique Ganso, em grande fase no São Paulo, desponta como candidato a uma vaga de titular.

Ataque
Tite terá de achar um atacante que divida com Neymar a responsabilidade de fazer os gols da equipe. Com Dunga, tiveram oportunidade Jonas, Ricardo Oliveira, Hulk. Ninguém convenceu até agora. Na Copa América Centenário, Gabriel, do Santos, foi um dos poucos que terminou a competição com saldo positivo. O garoto, com idade olímpica, ganhou a posição de Jonas e agora larga na frente na disputa com os concorrentes para jogar no ataque ao lado de Neymar. Conteúdo Estadão.

Foto: Reprodução/AFP