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Diretor do Náutico recebe acusações de assédio sexual e moral

Errison Rosendo de Melo foi denunciado por três ex-funcionárias do clube

Reprodução
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O diretor e atual superintendente financeiro do clube Náutico, Errison Rosendo de Melo foi denunciado por assédio sexual e moral.

A primeira acusação foi feita por Tatiana Roma, ex-diretora da mulher e de operações do Náutico, que expôs através das suas redes sociais os assédios, que também foram registrados em um Boletim de Ocorrência.

A ex-diretora apontou crimes de importunação sexual e contra a honra, como injúria, calúnia e difamação.

“No começo eram só o que alguns homens consideram como brincadeiras de mau gosto. Eu percebi que passou para um problema maior no dia em que cheguei ao clube e Errison estava me esperando e me perguntou se eu gostava de sexo a três. Eu não respondi e subi. Isso foi a primeira. Depois houve várias desse tipo”, revelou em entrevista ao GE.

Tatiana detalhou algumas das situações vividas durante época em que trabalhava no clube. “Teve um dia em que estava com uma blusa em que aparecia um pouco o meu ombro e ele disse que minhas sardas davam tesão nele e que ele não conseguia se concentrar no que eu estava falando com ele. Outra vez, em frente a outro funcionário, ele perguntou se eu conhecia o motel Lemon. E aí foi uma escalada. Com outras funcionárias, ele fazia questão de trocar de roupa na frente delas, trocava de blusa. Coisa desse tipo”.

Segundo ela, quando as “investidas” não funcionaram, Errisson partiu para o assédio moral. “Quando ele viu que não conseguiria, começou a fazer o que, para mim, por incrível que pareça, é ainda pior. Ele começou a me atingir moralmente. Começou a me chamar de idiota, me esculhambar. O custo de um jogo, por exemplo, era de R$ 6 mil, e ele me dava R$ 500 e mandava eu me virar. Ele começou a querer me diminuir para ver se conseguia o que ele queria. Chegou na frente de um funcionário de segurança privado e disse para não fazer nada que eu mandasse porque eu era uma imprestável”, contou.

Tatiana relatou ainda que ouviu outras cinco funcionárias do clube que também relataram assédios sexuais proferidos por Errisson. Posteriormente, outras duas mulheres vieram a público afirmando terem sido vítimas dele.

Um dos casos teria ocorrido há três anos, onde Errisson teria atrelado o pagamento das multas rescisórias e o depósito do FGTS da funcionária sob a condição que ela o apresentasse a sua filha. “Ele dava beijo de cumprimento no rosto da minha filha quase chegando no canto da boca. Minha filha ficava horrorizada”, disse a ex-funcionária, sob a condição de anonimato.

Segundo ela, a situação piorou após ela sair do clube. “Ele me ligou dizendo para ir no clube receber minha rescisão. Chegando lá, ele ficou em uma sala conversando com mais dois homens. Quando perguntei quando receberia minha rescisão ele disse: ‘Depende. Cadê sua filha? Quando você vai me apresentar a sua filha?’ Disse para ele ter vergonha porque ele era um homem casado. Os dois homens ficaram rindo e eu saí da sala”, contou.

Ela revelou ainda que frequentemente era vítima de constrangimentos morais. “Era taxada de burra, de incompetente. E quando tinha visitantes no clube ele ficava me oferecendo para eles. Falava: ‘Ela tá só, o que tu acha?’ Como se eu estivesse em exposição em uma vitrine”.

A terceira denúncia é de Janire Mello, que relatou que a situação começou quando um sócio se desentendeu com ela na secretaria do clube. “Fui socorrer uma funcionária porque esse sócio estava a destratando. Tentei ajudar e ele também me destratou. Nisso veio Edno (presidente), conversou com o sócio e disse que eu estava errada. E depois veio outra funcionária e disse para eu subir porque Errisson queria conversar comigo. Disse que não iria subir porque não tinha nada que falar com ele. E aí começou a pressão dizendo que ele era irmão do ‘dono’”, afirmou Janire.

“Ele desceu, foi na secretaria e mandou me chamar. Quando cheguei lá, ele já foi gritando comigo, me destratando. Eu disse que se ele tivesse alguma queixa que fizesse a quem tinha me contratado. Aí ele começou a me humilhar, colocando o dedo no meu rosto. Cheguei a pensar que ele iria me bater. Depois disso, fiquei nervosa e chorando muito”, contou.

Ela revelou ainda que, após passar alguns dias em casa, ela teria sido impedida de trabalhar dentro da secretaria do clube. “Era muito constrangedor porque eu não podia entrar, não podia beber água, nem com as demais meninas eu podia conversar. Passava a maior parte do tempo em pé. E ele, junto com outros funcionários, passava, olhava para mim e ficava rindo. Até que saí porque a situação ficou insuportável”.