A nona edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino começa no dia 20 de julho na Austrália e na Nova Zelândia. Há apostas que essa deve ser a maior de todos os tempos. Apesar do crescimento da modalidade para as mulheres, ainda existem grandes desigualdades em relação ao futebol masculino, tornando-se um debate de gênero. O Portal Salvador FM reuniu as nove principais diferenças entre as Copas Feminina e Masculina. Confira:
Transmissão e cobertura na TV
A Copa do Mundo continua sendo um grande evento. Com o passar do tempo, novas formas de assistir aos jogos foram surgindo, como as plataformas de streaming, que agora fazem parte do calendário da competição. Anteriormente, a TV aberta era a única opção para os telespectadores acompanharem as partidas.
Porém, o Mundial Feminino só passou a ter transmissão na TV aberta em sua última edição, em 2019. Além disso, a disparidade na cobertura entre as modalidades feminina e masculina nos veículos de jornalismo esportivo também se torna evidente, uma vez que a maior parte das reportagens e pautas são voltadas para os elencos masculinos.
Condições de trabalho
De acordo com as medidas legais, agora os clubes têm que manter equipes femininas. Embora essa ação tenha contribuído para o crescimento da modalidade no país, ainda não resultou em sua completa profissionalização. Demorou bastante para as jogadoras possuírem carteira assinada, mesmo assim, ainda não é uma realidade de todas, recebendo apenas ajuda de custo ou benefícios, o que as leva a exercer outras profissões para garantir o sustento.
Segundo pesquisa divulgada em 2018 pelo sindicato internacional dos jogadores de futebol (FIFPro), 49,5% não recebiam salário para atuar e 47% possuíam vínculo formal com seus clubes. Cerca de 30% faziam jornada dupla de trabalho para seguirem nos gramados e 35% não ganharam nada para defender suas seleções. O estudo, realizado em parceria com a Universidade de Manchester (Inglaterra), envolveu 3.600 atletas de diversos países da Europa, África, Ásia e Américas.
Edições da Copa do Mundo
Em 1930, os homens iniciaram a primeira edição da Copa do Mundo de Futebol, realizada no Uruguai. Desde então, ocorreram mais 20 edições do torneio. Já as mulheres tiveram que aguardar mais de seis décadas para que a FIFA organizasse uma versão feminina da competição.
O esporte foi banido no Brasil em 1941, tendo a proibição derrubada apenas após a Ditadura Militar, só em 1983, foi finalmente regulamentado, permitindo que as mulheres pudessem competir.
A Copa de 1991 foi sediada pela China e contou com a participação de 12 equipes, com a seleção dos Estados Unidos sendo campeã. Vale ressaltar que esta é apenas a nona vez em que as mulheres vão competir em um Mundial de futebol.
Planejamento das próximas edições
Em março de 2019, a Fifa informou que já teria recebido uma lista de interessados em sediar edição da Copa do Mundo feminina deste ano, dentre os nomes tinham Brasil, Argentina, Austrália e Japão. O escolhido só foi divulgado em junho de 2020, enquanto o planejamento em relação ao evento masculino, que já tinha sido definido desde 2019 o país sede da Copa de 2022 (Catar) e também a de 2026 (EUA, México e Canadá).
Uniformes
Até a Copa da França de 2019, as mulheres da seleção tinham que utilizar calças e camisas largas. O design dos uniformes usados tanto nos jogos oficiais quanto na concentração, eram reaproveitados do time masculino.
Média de público
Durante a Copa do Mundo masculina, o número de torcedores que frequentam os estádios é significativamente maior em comparação ao evento disputado pelas mulheres. No Mundial feminino realizado no Canadá em 2015, a média de público por partida foi de aproximadamente 26 mil pessoas. já na Copa do Mundo masculina de 2018, realizada na Rússia, a média de espectadores por jogo foi de 47,3 mil torcedores.
O maior desempenho de público já registrado na Copa do Mundo feminina foi nos EUA em 1999, com quase 38 mil espectadores por jogo. Esse número ainda é considerado inferior à maior média obtida no evento masculino, também nos EUA, em 1994, onde os jogos atraíram uma média de 68,9 mil pessoas por confronto. Destacando a diferença na popularidade e no alcance das duas competições.
Vale ressaltar sobre os pontos facultativos, facilmente adotados em jogos na Copa masculina, e que não foi tão fácil assim para a feminina. Porém, o Ministério da Gestão e Inovação publicou uma portaria para permitir a adoção de ponto facultativo para servidores públicos federais nos dias de jogos da Seleção Brasileira Feminina de futebol. Com a flexibilização, servidores poderão se ausentar do trabalho para assistir aos jogos.
Salários em campo
A disparidade salarial entre homens e mulheres também é uma realidade presente no futebol feminino. As jogadoras recebem salários significativamente menores em comparação com os homens que atuam no futebol profissional.
Para exemplificar, Marta que é eleita a melhor jogadora de todos os tempos em seis ocasiões, recebe cerca de 125 vezes menos do que Neymar, um dos grandes nomes do futebol no Brasil. Com informações do Valor Econômico, Marta, jogadora do Orlando Pride, recebe aproximadamente US$ 400 mil por ano (cerca de R$ 1,9 milhão), enquanto Neymar, camisa 10 do PSG, ganha cerca de US$ 50 milhões por temporada (cerca de R$ 245,9 milhões).
Bolsa Atleta
Programa do Governo Federal em parceria com o Ministério do Esporte, o Bolsa Atleta foi criado para apoiar praticantes de diversas modalidades esportivas no Brasil ajudando financeiramente todo mês para complementar a renda e para aliviar os gastos com material esportivo, transporte etc. Os valores do incentivo variam de R$ 370 (estudantes ou categorias de base) a R$ 15 mil (atletas de pódio).
Em 2019, a Bolsa Atleta financiou 17 das 23 jogadoras da Seleção feminina na Copa, realidade bem diferente à da seleção masculina, na qual as remunerações dos atletas costumam ultrapassar as centenas de milhares de reais.
Premiação
Em 2018, os franceses, campeões do mundo na Rússia, levaram para casa US$ 38 milhões, pagos pela Fifa, enquanto às vencedoras deste Mundial, a entidade irá desembolsar modestos US$ 4 milhões.
No total, serão gastos cerca de US$ 30 milhões em prêmios para as 24 seleções participantes do torneio. Valor muito inferior aos US$ 400 milhões distribuídos pela Fifa para os times masculinos que disputaram a Copa de 2018. Os últimos colocados, eliminados ainda na fase de grupos, receberam US$ 8 milhões cada; ou seja, o dobro da quantia reservada às primeiras colocadas da Copa da França em 2019.