Esporte

Brasil estreia no goalball com vitória dupla na Arena do Futuro

Equipe masculina vence Suécia por 9 x 6. Time feminino faz 7 x 3 nos EUA

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Josemárcio é jogado para cima pelos companheiros após a vitória na estreia. Foto: Danilo Borges/Brasil2016.gov.brO Brasil começou com o doce sabor da vitória, com direito a bolo e sorvete, na estreia das seleções masculina e feminina de goalball, nesta quinta-feira (08.09), nas Paralimpíadas Rio 2016. Os homens foram os primeiros a entrarem na Arena do Futuro para enfrentar a equipe da Suécia. Com uma grande atuação coletiva e com a pontaria do ala Leomon afiada – artilheiro do time com cinco gols -, os brasileiros venceram por 9 x 6 (5 x 1 no primeiro tempo). No entanto, o mais festejado ao final da partida foi o aniversariante Josemárcio Sousa, que completa 21 anos hoje. Além de anotar dois tentos, o atleta fez sua estreia em Jogos Paralímpicos. 

“Fiquei muito feliz deles cantarem parabéns para mim. Foi muito importante estrear, ainda mais fazendo gol. É emocionante demais”, disse o atleta, que ao lado de Alex Melo são os únicos do time que não estavam em Londres 2012. “O sentimento é de confiança do treinador. Ele disse: ‘Você está pronto’. Eu fui lá e fiz meu trabalho e deu certo”. 

Conhecido como “Parazinho”, Josemárcio é apontado pelo técnico Alessandro Tosim como um futuro craque do time. “O mais legal é que ele é muito focado. Ele é diferente demais e vem para ser um dos melhores do mundo logo, logo”, projetou. “Ele é muito frio, não sente. Só quer jogar”, completou Tosim.

Josemárcio é apontado pelo treinador do Brasil como um dos atletas mais promissores do goalball mundial. Foto: Danilo Borges/Brasil2016.gov.br
O nível alto e homogêneo dos seis atletas da seleção é uma das vantagens do Brasil, apontada por José Roberto Oliveira, para a conquista do inédito ouro. “Nós temos seis jogadores prontos para atuar. O Josemárcio não entrou porque estava 6 x 2, mas porque ia render igual ao que estava em quadra. Entrou mais descansado para trabalhar mais a bola na ala direita, que a gente, até então, tinha atacado pouco por lá”, comentou o atleta que foi prata em Londres 2012 e campeão mundial em 2014 com a equipe nacional.

Na sequência, as mulheres entraram em quadra para completar a festa, em um duelo que reeditou a final do Parapan de Toronto 2015. Novamente as brasileiras levaram a melhor e assim quando conquistaram o ouro inédito no ano passado, voltaram a vencer os Estados Unidos, desta vez por 7 x 3 (6 x 1 no primeiro tempo). Uma diferença maior que na competição continental, que foi de apenas um gol. “A gente vem se enfrentando há algum tempo e sempre acontecem bons jogos. A final do Parapan serviu para melhorarmos o que não foi legal. Acredito que conseguimos concertar alguns erros e o resultado foi um pouco diferente”, analisou Simone Rocha.

Victoria Amorim vai ganhar um prêmio pelos seis gols no jogo: sorvete. Foto: Danilo Borges/Brasil2016.gov.br
Artilheira e destaque da partida, Victoria Amorim, que anotou seis vezes, vai ganhar uma recompensa das companheiras. “Eu não esperava. As meninas até me desafiaram: ‘Se você fizer seis gols, você ganha um sorvete’. Hoje eu já vou tomar um sorvete”, comemorou.

Na expectativa pelo primeiro jogo, após um ano de treinos voltados para a Paralimpíada, a artilheira se surpreendeu com o resultado, que tirou o ‘peso’ da estreia. “Não imaginava que seria 7 x 3, nem que faria seis gols. Sabia que ia ser difícil, sempre tem aquela expectativa, porque a gente está o ano inteiro trabalhando, mas segui as orientações do meu técnico e o resultado veio”.

Torcida

O goalball foi inventado especificamente para os deficientes visuais. Ao contrário de outras modalidades, ele não tem correspondente fora do âmbito do paradesporto. Apesar de o objetivo ser o gol e de ser jogado em uma quadra semelhante à de vôlei, o esporte não é conhecido entre os brasileiros. A bola tem um guizo dentro para orientar os atletas, o que exige total silêncio na arena. 

Na primeira partida do dia, o público esteve mais eufórico e, em alguns momentos, os árbitros tiveram dificuldades para controlá-lo. “Disputar uma Paralimpíada é uma sensação indescritível. É a competição máxima que o atleta busca. Estou na minha terceira, mas a primeira em casa, o que é uma sensação única. É emocionante, a gente não conseguia parar a ola da torcida. Até levantei do banco e pedi silêncio, mas a torcida queria terminar a ola. O Brasil é isso, raça, o pessoal extravasando… A torcida vai sofrer um pouco, porque ela está acostumada a passar esta energia”, comentou Alexsander Celente, o mais experiente do grupo, com 35 anos.

Energia que ele também retribui, soltando gritos a cada defesa do time. “Eu sou um cara que vibra muito na defesa e procuro puxar os companheiros para cima. A cada defesa eu grito: ‘É minha!’ Quando a bola está rolando não pode, mas quando bate em mim eu extravaso mesmo”.

Fonte: Brasil 2016