Eles representam 0,5% da população mundial. Até pouco tempo, eram praticamente invisíveis aos olhos da população e, especialmente, do governo, pois não são contabilizados pelo Censo do IBGE.
As políticas públicas de atendimento a essa população acabaram de completar vinte anos, mas apenas depois de 2008 começaram a funcionar de maneira estruturada, ainda que insuficiente: no Brasil são apenas cinco centros especializados para a realização de cirurgias de mudança de sexo e nove ambulatórios para terapia hormonal.
A população transexual ganhou visibilidade no horário nobre da televisão brasileira, graças à personagem Ivana da novela A Força do Querer, que retrata a vida de um homem que nasceu no corpo de um mulher. Ivana, na verdade é Ivan, um homem transexual como milhares de brasileiros anônimos. Filho de uma família de classe média alta, o personagem enfrenta seus medos e a rejeição familiar, assim como a maioria dos trans da vida real.
Fora da ficção, no entanto, a realidade é ainda mais cruel. O Brasil lidera o ranking mundial de assassinatos de pessoas transexuais, segundo monitoramento da ONG Europeia Transgender feito em 65 países. Em 2016, pelo menos 808 pessoas perderam a vida por serem trans no Brasil – duas por dia, enquanto no México (segundo país no ranking), foram 229 assassinatos.
“A população de transexuais e travestis ainda é a mais estigmatizada e incompreendida do Brasil. Não existimos oficialmente para o governo, somos assassinados diariamente simplesmente por sermos quem somos.
Para nós, tudo é mais difícil, até mesmo conseguir usar o nome social”, diz Keila Simpsons, presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), que afirma que pelo menos 90% das mulheres transexuais e travestis ainda vivem da prostituição e são marginalizadas.
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