Restauração

Museu da Misericórdia reabre com espaço revitalizado e exposição inédita

O equipamento é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Foto: Lucas Moura/ Secom
Foto: Lucas Moura/ Secom

Após quatro anos fechado para um projeto de restauração, revitalização e requalificação, o Museu da Misericórdia, localizado no Centro Histórico de Salvador, abre as portas para receber o público nesta terça-feira (17). O equipamento, que pertence à Santa Casa de Misericórdia, é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e suas instalações serviram para abrigar o primeiro hospital da Bahia.

As intervenções feitas no prédio, um palacete do século XVII, aconteceram por meio de recursos vindos da Prefeitura de Salvador e do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD), do Ministério da Justiça. A obra, que teve o investimento de R$ 11,3 milhões, foi coordenada pela Superintendência de Obras Públicas (Sucop).

O evento

Na noite desta segunda-feira (16), autoridades e artistas participaram do lançamento da exposição do artista plástico Floriano Teixeira no Museu. Na ocasião, o prefeito Bruno Reis destacou o projeto de revitalização do Centro Histórico e a importância da instituição estar de portas abertas para receber visitantes de todo o mundo, sobretudo aqueles que estão na cidade aproveitando o Natal Luz Salvador 2024.

“Esse equipamento é muito importante para nossa cidade. É mais uma oferta cultural, tanto para nós, moradores, quanto para os milhares de turistas que visitam Salvador. A Rua Chile, hoje, talvez viva o melhor momento da sua história. Convido quem ainda não teve a oportunidade de visitá-la a aproveitar, especialmente agora, com o belíssimo Natal que realizamos […] A chegada de importantes equipamentos culturais, como o Palacete Tira Chapéu, que é um sucesso, e os hotéis da região reforçam esse momento especial do Centro Histórico. A Prefeitura tem feito um esforço significativo: já são mais de um bilhão de reais investidos na revitalização dessa área nos últimos anos”, disse o gestor.

O museu funcionará de terça a sexta, das 9h às 17h, e aos sábados, das 9h às 16h30, com ingressos para visitação vendidos no local, nos valores de R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). Nos domingos e feriados, o museu estará fechado. A exposição de Floriano Teixeira não é a única à disposição do público. Há no local uma exposição fixa com obras de artistas como Bel Borba, Juarez Paraíso, Calasans Neto, Mário Cravo Júnior e outros. O acervo do local conta com 3.874 peças classificadas em diversas categorias, como alfaia, mobiliário, pinacoteca e imaginária.

“Escolhemos iniciar as exposições com Floriano Teixeira, um artista maranhense, autodidata, que se tornou baiano por escolha e por obra. Floriano era retratista, desenhista e ilustrador. Colaborou com obras de grandes escritores, como Jorge Amado, e foi capaz de expressar, com muita sensibilidade, o cotidiano baiano. Agradeço à família de Floriano, que foi extremamente colaborativa durante todo o processo”, explicou o provedor da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, José Antônio Rodrigues Alves.

O provedor destacou ainda a importância histórica da Santa Casa de Misericórdia na cidade de Salvador e seu pioneirismo no cuidado social.

“Gostaria de relembrar a história da Santa Casa. Embora não tenha sido a primeira Santa Casa do Brasil — fomos a terceira —, ela foi a primeira instituição a simbolizar, de fato, o compromisso com o cuidado social no país. Inicialmente, começamos com pequenas enfermarias. Depois, crescemos, tornando-nos hospital, palácio, templo religioso e orfanato, até nos transformarmos no que somos hoje: uma instituição de referência, que permeia toda a vida social da cidade”, diz Alves.

A museóloga Dina Cézar, que faz parte da equipe do museu, ressaltou a complexidade da obra, que envolveu intervenções modernas e um processo de restauro minucioso.

“Tivemos intervenções importantes, como a implantação do elevador, que liga todos os andares. Isso exigiu fundações e até demolições estruturais. Essa requalificação foi extensa. Paralelamente, realizamos o processo de restauro, que é sempre mais delicado e detalhado, principalmente pelas características do prédio histórico. Fizemos um trabalho minucioso de prospecção, analisando camada por camada para recuperar elementos originais”, comentou a profissional.

Ainda de acordo com a museóloga, também houve reparado do teto, os altares principais e laterais. Além disso, a equipe também restaurou a talha, revelando pinturas originais que estavam escondidas sob camadas de tinta branca.

“Descobrimos, por exemplo, alguns materiais e símbolos interessantes, como brasões da Santa Casa, emblemas da Igreja Católica e elementos da Maçonaria. Isso revela a diversidade que marca a Santa Casa”, revelou Dina.

Restauro

Em 2021, tiveram início as obras de requalificação e restauro, contemplando a ampliação e construção de novos espaços expositivos e auditório para 100 pessoas. Além disso, teve restauração da Igreja da Misericórdia, incluindo teto artístico e forro com 45 painéis de pintura. Também houve a instalação de um elevador, promovendo acessibilidade para pessoas com dificuldade de locomoção.

Nos últimos seis meses, o Museu passou pelos últimos ajustes para receber os visitantes, incluindo montagem do mobiliário, painéis. Houve ainda restauração de vitrines, programação visual, sinalização, novos recursos de interatividade, além de ferramentas de inclusão e acessibilidade.

Foto: Lucas Moura/ Secom

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