MP-BA dá 15 dias para Claudia Leitte se manifestar em inquérito que investiga possível intolerância religiosa

A cantora Claudia Leitte tem modificado a letra da música "Caranguejo", substituindo a palavra “Yemanjá” por “Yeshu’a”

Show da cantora Claudia Leitte. Foto: Alexandre Dias/SalturFoto: Alexandre Dias/Saltur
Show da cantora Claudia Leitte. Foto: Alexandre Dias/SalturFoto: Alexandre Dias/Saltur

O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) publicou, nesta quarta-feira (8), uma portaria em que oficializa a instauração do inquérito civil para investigar suposta ofensa às tradições e crenças de religiões de matriz africana por parte da cantora Claudia Leitte. No documento, a promotora de Justiça Lívia Vaz, responsável pelo procedimento, deu 15 dias para a artista se manifestar, caso tenha interesse.

Além da convocação da cantora, a portaria prevê a coleta de depoimento dos compositores da música “Caranguejo”. Conforme destacado por Lívia Vaz, titular da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, a representação protocolada no órgão ministerial sustenta que Claudia Leite tem alterado “deliberadamente e reiteradamente” a letra da canção “Caranguejo”, da qual ela é intérprete. Nesta alteração, a artista tem feito a substituição da palavra “Yemanjá” por “Yeshu’a”.

A denúncia foi apresentada ao MP-BA pela yalorixá Jaciara Ribeiro e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro). A atitude, defendem os autores da representação, pode configurar “violação à honra e à dignidade de afrorreligiosos, bem como lesão a bem cultural especialmente protegido”.

Para discutir o assunto, o MP-BA informou que uma audiência pública será realizada no dia 27 de janeiro, às 14h, no auditório da sede do órgão, no bairro de Nazaré, na capital baiana.

“Os fatos narrados na representação podem configurar ofensa à integridade dos legados cultural e identitário dos povos de terreiros, de religiões afro-brasileiras, gerando prejuízos à preservação e valorização do patrimônio cultural e histórico, constitucionalmente reconhecido. Nesse sentido, há a necessidade de apuração dos fatos noticiados com o fito de, posteriormente, serem adotadas as providências cabíveis”, justificou a promotora de Justiça Lívia Vaz ao instaurar o inquérito civil.

Tribunal da internet

Após a repercussão do assunto, a cantora se manifestou durante entrevista coletiva concedida no Festival Virada Salvador, no dia 30 de dezembro. A artista falou em respeito e disse que o caso foi jogado no “tribunal da internet”.

“Eu prezo muito pelo respeito, pela solidariedade, pela integridade. A gente não pode negociar esses valores de jeito nenhum, nem colocar isso dessa maneira, jogado ao tribunal da internet.

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