Entretenimento

Artistas participam de ato por Marielle no Rio: "Luto que vai virar luta"

Manifestantes se despedem de vereadora assassinada e pedem mudanças

NULL
NULL

Sophie Charlotte, Julia Lemmertz, Caio Blat, Drica Moraes, Claudia Abreu, Humberto Carrão, João Vitti e Laila Zaid, entre outros artistas, participaram na tarde desta quinta-feira (15), de um ato em protesto contra a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada na noite de quarta-feira (14), no Rio. Desde cedo, centenas de manifestantes se posicionaram em frente à Câmara de Vereadores, na Cinelândia, onde o corpo da vereadora e o de seu motorista, Anderson Pedro Gomes, morto junto com ela, chegaram por volta das 14h30. Duas horas depois, a multidão aplaudiu a saída dos caixões. "Luto que vai virar luta", resumiu uma emocionada Sophie, que estava vestida de preto e com o adesivo "Marielle presente".

"Independentemente de ser artista, médico ou qualquer coisa, sou um cidadão, um eleitor. Votei na Marielle e, mesmo que não tivesse votado, acho que isso é um passo dado muito claro por quem a matou. Abriram uma fronteira, passaram de um ponto. Foi morta uma parlamentar do Rio, é natural e necessário que a cidade esteja com raiva", disse Humberto. "É uma grande perda, um dos quadros mais representativos que a gente tinha, sem falar em toda a questão racial e misógina incluída nisso tudo", acrescentou o ator.

Assim como a multidão que se concentrava na Cinelândia, os artistas também se dirigiram para a Assembleia Legislativa, a alguns quarteirões da Câmara. "Estou aqui como cidadã, eu acho que não é mais uma questão de direita ou esquerda, classe X ou Y.  A gente está aqui esgotado, a gota d'água já entornou há muito tempo, esse lugar de inércia do povo tem que acabar, porque se a gente não for para a rua, não se manifestar, a gente vai ficar refém. A gente já está refém", desabafou Julia. "Isso  que está acontecendo hoje é uma despedida de uma líder, uma pessoa incrível, correta e forte, e que juntava todas as questões possíveis do momento: negra, mulher e pobre, a quinta vereadora mais votada do Rio. Eu votei nela, que estava representando muita gente. Isso é um assassinato, é uma coisa gravíssima. Não podemos achar que isso aqui é uma manifestação a favor da democracia. É contra a barbárie. Nós não somos bárbaros", afirmou a atriz, que saiu aos prantos do ato por Marielle

Na frente da Assembleia, outros artistas se juntaram ao ato, como Claudia Abreu, Caio Blat e Drica Moraes. "Uma morte dessas não pode passar impune. Tem de ter investigação de todos os setores, de todas as polícias, toda a inteligência. Punição para quem fez isso e revelar o sistema podre que é o sistema carioca para começar a abrir essa caixa preta no Rio de Janeiro", exigiu Caio, que estava acompanhado da namorada, Luisa Arraes. "No Rio de Janeiro a gente não tem nada. É muito gato pingado, perder uma é perder um milhão. Para ter outra Marielle, outra mulher com a coragem dela, que tem que enfrentar todo dia todos esses caras, todo o machismo, todo o racismo na política… É muito forte perder uma mulher como ela, porque ela era muito rara", analisou Luisa.

Claudia Abreu ressaltou a importância da população se unir contra a violência. “Não dá para ficar em casa. Para mim isso (a morte de Marielle) é um marco gravíssimo, um recado muito claro que nos mandaram,  não quiseram disfarçar. É um recado muito claro de que tudo mudou e de que a gente não pode mais se omitir", disse a atriz.

Indignada, Drica Moraes também pediu que a população se manifestasse. “É um absurdo, é uma indignação total. Foi o povo que escolheu Marielle como representante dos nossos anseios e necessidades. E eu conclamo o povo a vir para a rua e cobrar a responsabilidade desse crime hediondo”, pediu ela. Mariana Lima também repudiou o crime. “É uma profunda tristeza, indignação e sentimento de perplexidade diante do que eu acho que é uma tragédia anunciada. Agora é a gota d’água. O Brasil inteiro deveria se mobilizar e fazer vigílias. É uma realidade insuportável. A gente está vivendo uma ditadura pior que a de 64 porque é uma ditadura institucionalizada", afirmou ela.

Fonte: Quem // AO