O presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse nesta segunda-feira que pretende rever a forma como a taxa de desemprego é calculada no país. A declaração foi dada em entrevista à Band e foi criticada por economistas que acompanham os dados de mercado de trabalho.
O tema é um dos mais sensíveis na economia, com uma taxa de 11,9% de desemprego, o que significa que 12,4 milhões de pessoas estão em busca de uma oportunidade. Na mesma entrevista, ele se posicionou em relação a outras pautas econômicas, como a reforma da Previdência, defendendo a medida sem dar detalhes.
Bolsonaro criticou a metodologia da taxa de desemprego após ser informado sobre os números recentes, divulgados pelo IBGE. Sem citar o instituto, o futuro presidente disse que o número é “uma farsa”:
– Vou querer que a metodologia para dar o número de desempregados seja alterada no Brasil, porque isso daí é uma farsa. Quem, por exemplo, recebe Bolsa Família é tido como empregado.
Quem não procura emprego há mais de um ano é tido como empregado. Quem recebe seguro-desemprego é tido como empregado. Nós temos que ter realmente uma taxa, não de desempregados, uma taxa de empregados no Brasil.
A taxa de desemprego faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que segue as metodologias recomendadas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), das Nações Unidas, o que permite que os índices sejam comparáveis com os de outros países. Procurado, o IBGE não comentou a declaração de Bolsonaro.
Economistas divergem
Simon Schwartzman, presidente do IBGE de 1994 a 1999, afirma que os critérios citados na declaração de Bolsonaro para definir quem está empregado não condizem com os usados na estatística oficial:
— Ele (Bolsonaro) está mal informado. É legítimo o governo levantar a questão, questionar, solicitar estudos, pedir ao instituto que examine sua metodologia e pedir uma proposta de revisão, que deve vir do próprio IBGE. O que não pode é vir uma determinação de cima, impondo como deve ser. Isso tem como consequência a desmoralização e uma descrença nos dados.
O Globo /// Figueiredo