Antes mesmo da desistência de Luciana Buck (Novo), a eleição de 2024 para a Prefeitura de Salvador já era o pleito com o menor número de candidatos desde a redemocratização do país, em 1985. Agora, ao todo, haverá apenas três concorrentes, todos homens: Bruno Reis, que postula a reeleição pelo União Brasil, o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) e o historiador Kléber Rosa (PSOL).
Anteriormente, a disputa que registrou menos prefeituráveis foi a de 2008. Na oportunidade, João Henrique, então pelo PMDB, foi conduzido ao segundo mandato consecutivo contra Walter Pinheiro (PT) no segundo turno, após ACM Neto (DEM), Antonio Imbassahy (PSDB) e Hilton Coelho (PSOL) ficarem pelo caminho na primeira etapa.
Ao contrário daquela, em que havia três candidaturas apoiadas pelo Palácio do Planalto – o peemedebista, o petista e o tucano – nesta a questão nacional não estará em evidência, já que a polarização entre lulistas e bolsonaristas não entra em campo na capital baiana. O próprio Lula tem evitado falar em preferências na capital baiana para não alimentar atritos com a sua base aliada.
Embora prefira não evidenciar localmente, Bruno faz parte de uma sigla que apoia o presidente Lula. Além de possuir 59 congressistas, o UB comanda três ministérios em Brasília: Turismo (Celso Sabino), Comunicações (Juscelino Filho) e Integração e Desenvolvimento Regional (Waldez Góes), que não é filiado à sigla, mas foi indicado pelo senador Davi Alcolumbre (AP) dentro da cota partidária.
O PSOL, por sua vez, conta com Sônia Guajajara à frente da pasta de Povos Indígenas, apesar de a agremiação na Bahia manter um comportamento independente no estado, mesmo tendo anunciado apoio ao governador Jerônimo Rodrigues (PT) no segundo turno de 2022.
Nome escolhido pelo Conselho Político do Palácio de Ondina, Geraldo segue na batalha para conquistar os partidos e o eleitorado de esquerda. Ex-presidente da Câmara Municipal, ele foi a mola propulsora de projetos ditos capitalistas do ex-prefeito ACM Neto, bem como do atual, e a sua escolha gerou desconfianças de siglas como o PCdoB, o PSB e o próprio PT, em que vários militantes ainda pressionam por uma candidatura própria, preferencialmente feminina.
Bruno Reis lidera todas as pesquisas feitas na pré-campanha até então | Foto: Vágner Souza / Salvador FM
Pesquisas
Até o momento, Bruno Reis, que ainda não se assume candidato, lidera as pesquisas de intenção de votos, com indicação de vitória no primeiro turno, ainda mais com a esperada transferência dos votos de Luciana Buck (Novo), estimados em cerca de 4%. Nos cinco levantamentos de pré-campanha, o candidato do União leva vantagem, com 48% na Real Time, mais de 51% nas duas amostras da Atlas Intel, 55,1% na Numen Data e 62,7% na Paraná Pesquisas. Conforme os levantamentos, Geraldo Júnior tem crescido gradativamente, mas com um porcentual máximo de 18% ainda está longe de vislumbrar um segundo turno. Kléber Rosa, que oscila entre a margem de erro e na casa dos 4%, chegou a aparecer com 10% em dezembro e aposta em atrair o eleitorado de esquerda resistente com o emedebista.
Kléber Rosa, por enquanto, é o único a ter vice definida: Mira Alves, também do PSOL | Foto: Vágner Souza / Salvador FM
Vices
Por enquanto, a única vice definida entre os pré-candidatos à Prefeitura de Salvador é Mira Alves, que será companheira de Kléber Rosa, ambos do PSOL. No lado de Bruno Reis, o favoritismo é pela manutenção de Ana Paula Matos (PDT), mas o deputado federal Leo Prates segue à disposição, com o trunfo de representar uma articulação política para a eleição estadual de 2026. O PSDB corre por fora, até o momento com o nome do seu presidente na Bahia e parlamentar da Assembleia Tiago Correia. No campo da esquerda, a briga é muito mais intensa. Após a desistência do vereador Luiz Carlos Suíca (PT), também saíram do páreo a secretária estadual Fábya Reis (Assistência e Desenvolvimento Social), do PT, e o vereador Sílvio Humberto (PSB). Seguem na disputa agora Ângela Guimarães (titular de Promoção da Igualdade Racial), do PCdoB, o ex-legislador da cidade, Moisés Rocha (PT) e a diretora-presidente da Bahiafarma, Ceuci Nunes (PT). Tanto com o prefeiturável do UB quanto com o do MDB ainda não há prazo para o anúncio das duas escolhas.
Geraldo Júnior conta com reforço de partidos da base de Jerônimo | Foto: Vágner Souza / Salvador FM
Alianças
Sobre as alianças partidárias, ao contrário de 2020, quando obteve o apoio de 14 legendas, este ano o prefeito Bruno Reis terá ao seu lado "apenas" 10 partidos: o seu próprio União Brasil, além de PSDB, Republicanos, PP, PDT, Cidadania, PMB, DC, PRD e Novo, bem como o PL, que ainda não anunciou a adesão oficialmente. Por força da base aliada do governador Jerônimo Rodrigues, Geraldo Júnior terá consigo oito: o seu MDB, Podemos, PSD, Solidariedade, Avante, PT, PCdoB e PV, apesar de o único vereador verde atualmente na Câmara, André Fraga, ser aliado do atual prefeito. O PSOL de Kléber Rosa estará somente com a Rede, com a qual forma federação.