A reserva de 75% das vagas na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) para o sistema de cotas tem como objetivo trazer integração universitária para os municípios do estado que só contam com escolas públicas.
Mas, de acordo com denúncias feitas por alunos da região, não é bem o que vem acontecendo com as cotas da UFSB. Segundo os estudantes, a universidade está com dificuldades na hora de garantir que as cotas raciais para indígenas, negros e pardos atendam candidatos que realmente se enquadrem nos perfis beneficiados.
O problema, intensificado durante o começo deste ano com o início de cursos lineares como Medicina e Direito, fica por conta de fraudes na hora da autodeclaração do candidato, único requisito pedido pela universidade na hora de conceder o benefício.
“Além da autodeclaração, que é um mecanismo garantido por lei, a universidade não tem nenhuma outra regra que possa utilizar para determinar se um aluno é cotista por modalidade afirmativa ou não”, defendeu a reitora da universidade, a professora Joana Angélica.
“Os alunos que se declaram negros precisam passar por uma banca formada por pessoas brancas e negras para que eles possam ser reconhecidas enquanto sujeitos”, contou.
“Deveria haver uma entrevista para que esses alunos fossem questionados sobre questões raciais. Saber como eles se veem e o que já lhes aconteceu para, supostamente, serem negros”, completou Moisés. A reitoria da UFSB não está sozinha. Fraudes em cotas afirmativas são uma ocorrência comum em universidades do país, lembra a reitora Joana Angélica:
“Essa é uma questão que acontece no Brasil inteiro. As universidades sempre têm problemas de fraudes, com a gente não está sendo diferente”.
Para driblar o problema e apurar as denúncias de fraude, a UFSB criou uma comissão para apurar os casos. A comissão, porém, parou de operar antes mesmo do início dos trabalhos, segundo Moisés Sant’Ana: “Durante todo o processo, a ouvidoria da universidade foi bombardeada de denúncias, mas antes mesmo da comissão começar a trabalhar, o chefe pediu para sair”.
“Os processos estão parados e os alunos denunciados estão matriculados normalmente”, se queixou o membro da Comissão de Políticas Afirmativas e cotista na UFSB.
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