Economia

Reativar a economia é o grande desafio do novo governo

Ciente de que a crise econômica foi o principal algoz do governo petista, a era Temer precisa mostrar rápido a que veio nesta área, para não acabar conduzida à guilhotina da pressão da classe média

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Ciente de que a crise econômica foi o principal algoz do governo petista, a era Temer precisa mostrar rápido a que veio nesta área, para não acabar conduzida à guilhotina da pressão da classe média, ávida por sinais de melhora nos indicadores. Na Bahia, os especialistas de mercado avaliam que a volta ao modelo ortodoxo, proposto pelo PMDB no programa "Uma Ponte para o Futuro" – com inversão da política de gastos públicos e medidas centradas nas leis do mercado – pode trazer respostas mais imediatas na indústria local, porém com poucos efeitos nos demais setores até o final do ano.

"Sufocado pela recessão, o próprio mercado já conduzia para uma queda na inflação e recuo das taxas de juros, que já dão melhores condições para o governo Temer, que, por sua vez, foi taxativo nos encontros com empresários da indústria de que não pretende aumentar a carga tributária", frisa o economista Gustavo Pessoti, professor de macroeconomia e diretor de indicadores e estatística da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).

Pessoti lembra que, mesmo antes das medidas anunciadas pelo novo governo, a indústria baiana já começava a dar sinais de recuperação, sendo o estado um dos três que apresentaram crescimento no primeiro trimestre (3,8%), dentre 14 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Certamente, será o setor que mais rapidamente responderá às medidas previstas, até porque elas atendem, em parte, a seus pleitos", frisa Pessoti.

Reformas nas legislações trabalhista e previdenciária, temas considerados cruciais para a competitividade da indústria, estão entre as medidas previstas no pacote do governo Temer, que deve contar com apoio do Congresso no discurso de que "é preciso sacrifício", em meio à reação popular. O fim da correção anual do salário mínimo acima da inflação é um dos pontos cogitados pela equipe econômica de Temer.

"É uma questão que se insere no contexto de corte nos gastos públicos, mas que envolve a perda de direitos trabalhistas, assim como a redução dos custos com programas sociais que enfrentarão também forte reação popular, mas que não sabemos até que ponto será levada a finco em um ano eleitoral", afirma o professor Pessoti.

PIB negativo

Para o economista da SEI, mesmo diante dos sinais de reação da indústria baiana às medidas, o ano de 2016 ainda fechará como "mais um ano perdido, porém com chances de redução nos níveis negativos". Pessoti mantém as projeções de queda no Produto Interno Bruto (PIB) nacional este ano em 3,8%, com desempenho um pouco melhor na Bahia: recuo de 1,5%. "É torcer para cair menos", diz.

Foto: Reprodução