Economia

Indústria de eletrônicos sofre retração drástica com aperto do consumo

Tombo na produção em março foi de 31,1% frente ao mesmo mês de 2015

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O setor de eletrônicos e informática liderou a forte retração da indústria em março, derrubado pelo encalhe nas vendas de televisores, aparelhos celulares, computadores, geladeiras e fornos de microondas. O tombo foi de 31,1% ante março de 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Até a indústria automobilística, que coleciona repetidas quedas na produção, caiu menos que o setor: 23,8% em março. Foi o 22º mês de contração dos eletroeletrônicos, que fecharam o 1º trimestre com atividade 26,8% menor, mostram dados do IBGE agregados pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

O segmento de bens duráveis – aqueles que têm vida longa e só são descartados após muito uso – é o que mais sofre com a perda da capacidade de consumo das famílias brasileiras, avalia o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) Rafael Cagnin.

Em março, os bens duráveis caíram 24,3%, enquanto os não duráveis recuaram 3,8%. "O brasileiro tem optado por adiar a substituição dos produtos, inclusive os que têm vida útil mais curta, como os equipamentos de informática. É o que ele pode cortar do orçamento com a perda do poder de compra", observa.

A recente fase do "boom" de consumo no Brasil também ajuda a explicar a retração do setor, segundo o economista. "Quem trocou a geladeira ou o computador há cerca de dois anos pode esperar mais tempo para comprar de novo", diz Cagnin.

Junto da indústria automotiva, o setor elétrico (voltada para o ramo industrial) e de eletrônicos foi campeã de crescimento da indústria nos anos que antecederam a recessão da economia, crescendo a dois dígitos por meses seguidos.

A queda nos três primeiros meses do ano é resultado do recuo de 34,6% da indústria eletrônica e do decréscimo de 20,4% na indústria elétrica. “É um dado assustador. Não víamos nada parecido desde a década de 1990”, diz o presidente da Abinee, Humberto Barbato.

Ele atribui a queda acentuada do setor elétrico à paralisação das obras de infraestrutura no país. Já o setor de eletrônicos tem relação direta com a queda do consumo, acredita.  Barbato prevê que o setor terá uma queda de 6% no faturamento real até o fim do ano, e uma retração de 7% da produção. Informações retiradas do G1.

(Foto: Reprodução)