Cultura

Exposição "Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira" desembarca em Salvador

A mostra reúne 68 artistas históricos e contemporâneos, além de obras inéditas

exposição
Foto: Divulgação / Arista Moises Patrício - (Obra - Aceita)

A exposição Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira passa a ocupar, a partir de 29 de março, quando a capital baiana comemora seus 476 anos, o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB).

Com 68 artistas e cerca de 150 obras, um traçado de um panorama da produção artística negra no Brasil, reunindo desde nomes históricos até expoentes contemporâneos. A mostra ficará na capital baiana até o dia 31 de agosto e os ingressos custarão 20 reais (inteira) e 10 reais a meia-entrada. As visitações acontecem de terça a domingo, das 10h às 16h30.

Em suas exibições anteriores em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, já recebeu mais de 300 mil visitantes, consolidando-se como uma das mostras mais assistidas do ano de 2024.

A curaria é do pesquisador e curador Deri Andrade, responsável pelo Projeto Afro, plataforma que mapeia artistas negros no país.

“A exposição propõe um olhar sobre a presença negra na história da arte brasileira e sua influência nas construções visuais do país. Salvador, com toda sua relevância histórica e cultural, era um destino essencial para essa itinerância. O MUNCAB, como espaço de referência, amplia ainda mais esse diálogo”, afirma Deri Andrade, curador da mostra.

As obras estão organizadas em cinco eixos curatoriais: Tornar-se, que destaca o ateliê do artista e o autorretrato; Linguagens, dedicada aos movimentos artísticos; Cosmovisão, que abordagem de engajamento político e direitos; Orum, sobre as relações espirituais entre céu e terra no fluxo Brasil-África; e Cotidianos, que discutem representatividade.

Entre os artistas homenageados estão nomes como os baianos Lita Cerqueira (Salvador, BA, 1952), Rubem Valentim (Salvador, BA, 1922 – São Paulo, SP, 1991) e Mestre Didi (Salvador, BA, 1917 – 2013), além de Arthur Timótheo da Costa (Rio de Janeiro, RJ, 1882 – 1922) e Maria Auxiliadora (Campo Belo, MG, 1935 – São Paulo, SP, 1974).

A programação inclui a performance “Do Que São Feitos os Muros” (2020-2025), do artista Davi Cavalcante, que construiu um muro com tijolos gravados com palavras, criando uma reflexão sobre a construção das relações humanas e seus impactos nos territórios.

Salvador e a arte afro-brasileira

A chegada de Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira a Salvador intensifica o diálogo entre a produção artística negra e um território historicamente marcado pela presença afrodescendente. No MUNCAB, as obras se inserem em um ambiente que fortalece as narrativas e ressignifica a memória coletiva da diáspora africana.

A disposição das obras da exposição segue a estrutura já oferecida em outras capitais, mas a conexão com Salvador imprime novos sentidos à mostra. A expografia, concebida pelo arquiteto e cientista social Matheus Cherem e realizada com a técnica de produção e executiva de Vinícius Andrade e Vitória Mazzaro, desafia o cubo branco e o padrão estéril do mercado de arte, propondo um espaço de troca e sociabilidade.

Nesse labirinto expositivo, o corpo ocupa a centralidade, convidando o público a explorar seus movimentos, possibilidades e embaralhos, sem caminhos predefinidos, mas com múltiplas leituras e experiências.

A mostra reúne obras que conectam tradição e identidade contemporânea para visibilizar a negra em diversas linguagens artísticas, como pintura, escultura, fotografia, instalação e vídeo.

Saída dos Filhos de Gandhy carnaval de 1999 (Foto: Lita Cerqueira)  

O curador Deri Andrade destaca que, ao chegar a Salvador, a mostra se fortalece como um espaço de reconhecimento e valorização da arte afro-brasileira.

“A cidade carrega consigo a história e a resistência da população negra no Brasil, o que transforma a experiência da exposição. Essa conexão se fortalece, especialmente com o trabalho de Lita Cerqueira, que há décadas registra a cidade e suas manifestações culturais. Apresentar suas imagens aqui é um reconhecimento de sua contribuição para a memória visual da cultura afro-brasileira.” afirma Andrade.

A exposição e o MUNCAB

A exposição no MUNCAB acontece em um momento importante para o museu. Em 2025, a instituição receberá mais de 700 obras de arte afro-brasileiras repatriadas dos Estados Unidos.

A diretora artística do MUNCAB, Jamile Coelho, ressalta a importância dessa parceria e o impacto da exposição para o museu e para a cena artística da cidade.

“A exposição Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira afirma a arte negra como eixo central, não desvio. Sua itinerância para Salvador, a cidade mais negra fora da África, fortalece esse enraização e amplia o acesso às narrativas antes das marginalizadas. O MUNCAB recebe uma mostra como parte de sua missão de preservar, promover e difundir as expressões afro-diaspóricas”, aponta Coelho.

Serviço

Exposição: “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira”

Período da exposição: 29/03/2025 a 31/08/2025

Visitação: Terça a domingo, das 10h às 16h30.

Local: Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB) – Rua das Vassouras, 25, Centro Histórico, Salvador.

Entrada: os ingressos para visitar o MUNCAB se encontram disponíveis online ou na bilheteria do museu.

Valores: R$20 (inteira) e R$10 (meia).

  • Clientes Banco do Brasil – direito à meia entrada mediante apresentação do RG e Cartão de Crédito ou Débito. Direito a 1 acompanhante.
  • Funcionários Banco do Brasil – acesso gratuito ao museu com apresentação do RG e comprovação profissional.

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