Agenda Cultural

Caixa Cultural Salvador recebe exposição 'O Povo Negro é o Meu Povo'

O trabalho artístico reúne as principais obras da artista, que retrata a cultura e a vida do povo negro no Brasil.

Divulgação
Divulgação

A exposição “O Povo Negro é o Meu Povo – Lita Cerqueira, 50 Anos de Fotografia” irá se alocar na Caixa Cultural Salvador, a partir do dia 23 de outubro. O trabalho artístico reúne as principais obras da artista, que retrata a cultura e a vida do povo negro no Brasil.

A abertura acontece no dia 22, às 19h, e a visitação ocorre até 29 de dezembro, das 9h às 17h30, com entrada gratuita e classificação livre.

O projeto, que tem o patrocínio da Caixa e do Governo Federal, é organizada em sete núcleos curatoriais, tendo a ancestralidade e o pertencimento como conceitos principais. Cada núcleo reflete a visão de Lita Cerqueira como uma mulher negra que vive intensamente a cultura de seu povo. A mostra revela um conjunto de observações, histórias e memórias, selecionado do acervo de mais de 50 mil imagens, com obras em preto e branco de uma das mais ecléticas produções fotográficas do fim do século XX e início do XXI.

“Lita não apenas observa o mundo; ela o vive intensamente. Seu trabalho é um reflexo de sua própria história e das histórias daqueles que ela imortaliza através de suas lentes”, destaca a curadora Janaína Damaceno.

Para a coordenadora Lu Araújo, as fotos são manifestações de alma.

“Ela consegue capturar a essência de cada pessoa, cada momento, com uma sensibilidade única. Lita é uma guardiã da memória do nosso povo”, afirma.

Em “O Povo Negro é o Meu Povo – Lita Cerqueira, 50 anos de fotografia”, a artista compartilha com o público não apenas imagens, mas uma narrativa visual que resgata a ancestralidade e celebra a cultura negra. A exposição é um convite para reconhecer e valorizar a beleza e a força de um povo que, através das lentes de Lita, ganha visibilidade e respeito, além de pertencimento e resistência.

Eixos da Exposição

O primeiro eixo da exposição é “Andar com fé”, que retrata o sagrado afro-brasileiro. No segundo, “Para o mundo ficar Odara”, o destaque é a beleza negra. Em “Zum zum zum”, as fotos são das rodas de copeira, enquanto em “Vou fazer minha folia”, o tema é o carnaval.
 
No quinto eixo, “Filhas de Oxum”, Lia captura a espiritualidade e ancestralidade das festas populares. Já em “Doces Bárbaros” e “Atraca que o Naná vem chegando”, estão os momentos intimistas em que a fotógrafa acompanhou grandes nomes da música popular brasileira, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gal Costa.

Sobre Lita Cerqueira

Lita Cerqueira é considerada a primeira fotógrafa negra da Bahia. Nascida em Salvador, Lita iniciou sua trajetória ainda jovem, movida pela vontade de registrar e dar visibilidade às histórias de gente, muitas vezes, invisível. Aos 72 anos, é uma das primeiras mulheres pretas a se dedicar ao segmento; ela se destacou em um meio predominantemente masculino e branco, transformando sua câmera retratos da cultura e a vida do povo negro no Brasil.
 
Autodidata, Lita já participou de exposições no Brasil, Itália, Alemanha e França (suas fotos fazem parte do Acervo da Biblioteca de Paris). Seu trabalho está também na da Pinacoteca de São Paulo e em exposição fixa no Museu Afro Brasil. As obras transcendem o tempo e convidam o público a um mergulho na alma do povo negro, imprimindo um olhar incisivo e em constante diálogo com a pessoa fotografada.
 
Atualmente, a artista participa da exposição “Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro”, em Inhotim, parte integrante da mostra dedicada a Abdias Nascimento. Também está nas mostras “Lélia em Nós”, no Sesc Vila Mariana em São Paulo, “Encruzilhadas da Arte Afro-brasileira” no CCBB de Belo Horizonte e na exposição itinerante “O que vem de dentro”, de Diógenes Moura.