O trabalho noturno de Edna Albuquerque, conhecida como a ‘Vovó do Uber’, já lhe rendeu inúmeras boas histórias, mas, na quarta-feira (25), trouxe também uma surpresa desagradável. A motorista de 61 anos trafegava com uma passageira pela Avenida Presidente Dutra, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, quando dois jovens pararam em frente ao carro, anunciaram o assalto e levaram o veículo.
“Um deles aparentava ter entre 15 e 16 anos. O outro era quase uma criança, acho que não tinha mais de 12. Eles apareceram na frente do carro e o mais velho colocou a mão na cintura, pegando numa arma. Tive medo de engatar a ré nem tive coragem de acelerar, porque eu não sabia a reação deles”, contou Edna ao G1.
A investida aconteceu por volta das 21h30. Após anunciarem o assalto, os jovens chegaram a pedir para a motorista sentar no banco de trás, mas a passageira pediu para que as duas fossem liberadas pelos suspeitos, que atenderam à solicitação e seguiram com o carro.
“Uma viatura da polícia que estava perto do local em que elas foram assaltadas chegou a perseguir o carro da minha mãe. O tanque não tinha muita gasolina, e os assaltantes entraram numa rua que só tinha saída a pé, e por isso os policiais conseguiram localizar o veículo 30 minutos depois do assalto”, conta Perla Cristine Coutinho, filha de Edna. A técnica em contabilidade foi ao encontro da mãe após ter sido avisada sobre o assalto por uma colega.
Apesar de o veículo ter sido recuperado, os documentos e pertences da motorista foram todos levados pela dupla. “Levaram meus cartões, meu celular, meu dinheiro. Era pouco, mas está fazendo falta. Sem o celular, eu não posso mais trabalhar. Não sei o que fazer”, lamenta. Os assaltantes levaram, ainda, exames oftalmológicos que eram pré-requisito para um procedimento cirúrgico gratuito a que Edna seria submetida neste início do ano.
Depois do susto, Edna e uma das filhas seguiram para a delegacia do bairro do Ibura, na Zona Sul do Recife, para registrar um Boletim de Ocorrência (B.O.) na manhã desta quinta (26). Procurada pelo G1, a Polícia Civil não atendeu às ligações.
Através das redes sociais, a motorista relatou o acontecido e lamentou não só a perda de seus bens materiais, mas também o crime cometido pelos jovens. “O que me deixa mais triste é ver uma criança que, no máximo, tinha doze anos e o outro de aproximadamente dezesseis anos no mundo da criminalidade”, escreveu.
Edna, agora, pensa em arrecadar dinheiro para voltar a trabalhar. “Não consegui recuperar nada. Meu celular tinha seguro, mas a apólice estava dentro do carro. Passei muito tempo para fazer os exames e agora não sei se vou conseguir fazer a cirurgia. Foi uma sensação muito ruim, mas agora estou mais calma. Espero conseguir arrecadar dinheiro para comprar um novo aparelho e trabalhar de novo”, desabafa.
Reprodução: G1
