Brasil

Van que levava torcida do Botafogo não poderia fazer frete, diz agência

Presidente de organizada alega que pagou R$ 550, mas dono do veículo nega.

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A van com torcedores do Botafogo-SP que capotou na Rodovia Mário Beni (SP-340), em Mogi Guaçu (SP), não tinha autorização para realizar o fretamento de passageiros, segundo informou a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp).

Em nota, a Agência explicou que veículos não cadastrados oferecem inúmeros riscos, uma vez que não são vistoriados, não há garantia de que o motorista seja habilitado para esse tipo de transporte e, em caso de acidente, não há seguro para os passageiros.

A van com a torcida organizada "Os Dragões Botafogo" capotou várias vezes depois que um dos pneus estourou, na noite de sábado (22). Nove pessoas ficaram feridas e uma das vítimas continua internada. Júlia Gracioli, de 21 anos, foi lançada da van e sofreu fraturas em quatro vértebras. Ela será submetida a uma cirurgia nesta quarta-feira (26).

Procurado pelo G1, o dono da van não foi encontrado para comentar o assunto nesta terça-feira (25). Ao Jornal da EPTV, Juliano Soares lamentou o acidente e disse que realizou o transporte do grupo a pedido de um amigo, sem cobrar pelo serviço.

A versão foi negada pelo presidente da torcida organizada “Os Dragões”, Bruno Henrique de Brino, explicando que pagou R$ 550 pela viagem. Ao todo, 13 pessoas estavam na van, que partiu na manhã de sábado de Ribeirão Preto (SP) com destino a Mogi Mirim (SP), onde ocorreu o jogo.

“Ele me indicou que transporta crianças e, em período de férias escolares, finais de semana, carrega empresas, grupo de amigos para shows. Há cerca de um mês e meio, dois meses, passou pelo laudo, vistoria. Ele bateu nessa tecla que tinha tudo em dia e a gente percebeu que era uma boa van, nova, com cinto de segurança”, afirmou.

Brino contou que a empresa que presta serviços à torcida organizada já estava com todos os veículos alugados no último final de semana. Por esse motivo, o empresário indicou esse motorista particular, que realiza transporte escolar em Ribeirão Preto.

“O procedimento foi comum, como em todas as outras vezes. Eu acompanho o Botafogo há mais de 10 anos, já organizei diversas caravanas. A gente liga na empresa, fecha o valor com o proprietário. Ele passou em nossa sede, recebeu 50% do valor, que foi, ao todo, R$ 550. O restante, a gente acertou antes de sair a viagem”, explicou.

Brino estava na van, ao lado da namorada, no momento da capotagem, e disse ter vivido momentos de pânico. Ele estava dormindo e acordou quando o veículo já estava no acostamento. Mesmo ferido, Brino teve condições de ajudar outros torcedores.

“Deu tempo de segurar a criança do meu lado, eu tentei segurar minha namorada, mas foi tudo muito rápido. A gente perde a noção de som, de ambiente. Ver nossos amigos jogados no acostamento, precisando fazer respiração boca a boca, massagem cardíaca, foi uma cena de guerra mesmo”, relembrou.

O acidente

Júlia e outros 12 torcedores viajaram de Ribeirão Preto (SP) até Mogi Mirim (SP) no sábado para assistir ao jogo entre Botafogo e o time da cidade, pela série C do Campeonato Brasileiro. A van que transportava o grupo capotou durante a viagem de retorno.

Segundo informações da Polícia Rodoviária, a van capotou próximo ao quilômetro 196 da Rodovia Mário Beni, depois que o pneu dianteiro esquerdo estourou. Torcedores contaram que o veículo capotou ao menos três vezes, até parar no acostamento.

Outros grupos de torcedores do Botafogo que seguiam pela mesma rodovia pararam para prestar socorro às vítimas. Três ambulâncias da concessionária Renovias, que administra o trecho, também socorreram os feridos, levados a três hospitais em Mogi Guaçu e Aguaí (SP).

Um vídeo gravado por uma testemunha mostra o momento do socorro (veja abaixo). Em uma das imagens é possível ver um socorrista colocando um colar cervical em Júlia, deitada sobre a grama. Em outra imagem, rapazes retiram uma mulher de dentro da van capotada.

Fonte: G1