Brasil

Trabalhadores do setor aéreo fazem protesto e atrasam voos

Funcionários pedem reajuste de 11%, para reposição da inflação

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Os trabalhadores do setor aéreo fizeram protesto na manhã desta quarta-feira (3) em aeroportos brasileiros, causando atraso em voos. A paralisação, que durou duas horas, das 6h às 8h, incluiu os aeroviários, cujas atividades incluem check-in e despacho de bagagens, e os aeronautas, cuja categoria abrange pilotos e comissários de bordo.

Segundo dados da Infraero, que não incluem os aeroportos de Guarulhos (SP), Belo Horizonte (MG) e São Gonçalo do Amarante (RN), 405 voos domésticas atrasaram entre à 0h e às 8h desta quarta e 70 foram cancelados. Entre os voos internacionais, foram registrados 14 atrasos. Não houve cancelamentos.

Às 13h, o percentual de voos atrasados no dia era de 36,4% (374), sendo 52 voos com atraso na última hora, segundo a Infraero. Dos 1.028 voos do dia, 172 (16,7%) foram cancelados.

Sindicato avalia novas paralisações
Pilotos e comissários de voo decidiram nesta quarta-feira (3), em assembleia, suspender as paralisações da categoria durante o período de carnaval. O movimento será retomado a partir do dia 12 de fevereiro, segundo o sindicato da categoria, se não houver acordo até lá. Já o sindicato dos aeroviários (os trabalhadores do setor em terra), afirmou apenas que entraram em "assebleia permanente", mas informa que a possibiliade da realização de greve durante o carnaval "não está descartada".

Os trabalhadores pedem reajuste de 11%. Já as empresas do setor aéreo propõem que o aumento seja parcelado em duas vezes – 5,5% em fevereiro e 5,5% em junho, sem abranger o pagamento do valor retroativo à data-base da categoria, que é em 1º de dezembro.

As principais empresas aéreas anunciaram que liberarão a remarcação de passagens e farão o reembolso integral de bilhetes, após o anúncio de paralisação dos aeroviários e aeronautas.

A TAM informou que da meia-noite às 12h30, 122 voos foram impactados por atraso superior a 30 minutos. Desses, 115 são voos domésticos e 7, internacionais. Nesse período, outros 16 voos foram cancelados, que afetaram 1.177 passageiros.

A TAM informou que entre 6h e 8h, 53 voos foram afetados pela paralisação no Brasil inteiro (12 aeroportos). Destes, 50 sofreram atrasos de mais de 30 min (46 voos domésticos e 4 internacionais) e 3 foram cancelados.

Situação nos estados

Santa Catarina
Cerca de 150 aeronautas, entre pilotos e comissários de voo, fizeram paralisação nesta quarta-feira no Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis.

De acordo com o comandante Francisco Kern, diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), 18 voos foram remanejados pelas empresas em Santa Catarina.

Rio Grande do Sul
Os aeroviários também realizaram uma paralisação desde as 6h em Porto Alegre.Cinco decolagens e seis chegadas foram canceladas, de acordo com a Infraero.

Alguns voos previstos para sairem até 6h, do Aeroporto Salgado Filho não receberam autorização para decolar. Entretanto, passageiros que chegaram ao terminal fizeram o check-in, mesmo sem garantia de que o voo sairia.

São Paulo
No aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos, perto das 6h30, dos 70 voos programados, um foi cancelado, uma decolagem estava com atraso acima de 30 minutos e dois pousos também estavam atrasados.

Trabalhadores também fizeram paralisação no Aeroporto de Congonhas na Zona Sul de São Paulo. Nenhum dos sete voos previstos para decolagem partiu do aeroporto desde às 6h, quando o aeroporto abre.

A paralisação nacional dos profissionais do setor de aviação também afetou as decolagens no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP).

Após paralisação, que terminou às 8h, Viracopos tem 33 voos atrasados e 13 cancelados.

Pelo menos um voo com destino a Ribeirão Preto (SP) foi cancelado até as 7h30. O voo cancelado era da companhia aérea TAM, que sairia do aeroporto de Congonhas, na capital paulista, com destino ao Leite Lopes às 6h35. Nenhum dos voos previstos para decolar partiu de Congonhas na manhã desta quarta.

Rio de Janeiro
Aeroviários protestaram na manhã desta quarta-feira nos aeroportos Santos Dumont, no Centro, e Tom Jobim (Galeão), na Ilha do Governador, no Rio. Como mostrou o Bom Dia Rio, os profissionais exibiam cartazes com referência a paralisação nacional da categoria.

Segundo informações do Bom Dia Rio, às 6h50, seis voos estavam cancelados e seis atrasados no Aeroporto Santos Dumont.

Distrito Federal
Segundo o Inframerica, consórcio que administra o aeroporto Juscelino Kubitschek, 39 dos cem voos previstos para partir até as 12h saíram com atrasos superiores a 30 minutos. Outros 21 voos foram cancelados.

Paraná
Dezenas de aeroviários e aeronautas  cruzaram os braços para reivindicar melhorias para a categoria no Aeroporto Internacional de Curitiba, localizado em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana.

Oito voos atrasaram e cinco foram cancelados, segundo a Infraero. A orientação é para que os passageiros que já tinham voos programados entrem em contatos com as companhias aéreas para mais informações.

Nos aeroportos de Foz do Iguaçu e Maringá a greve, não influenciou as chegadas e partidas. Já em Londrina, segundo a Infraero, há três cancelamentos e um voo atrasado.

Pernambuco
O Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife, amanheceu com voos atrasados e cancelados por causa da paralisação.

Por volta das 6h20, pelo menos seis voos que chegariam no Recife estavam cancelados e quatro dos que sairiam do Aeroporto dos Guararapes estavam atrasados, segundo a Infraero. No aeroporto, passageiros estão entrando na sala de embarque, mas não há previsão de quando as viagens devem ser normalizadas.

Bahia
Pilotos, copilotos e comissários realizaram uma paralisação das 6h às 8h desta quarta-feira, no Aeroporto Internacional de Salvador. Por volta das 6h15, os representantes da classe fizeram uma manifestação no portão de embarque do terminal.

Alagoas
A paralisação de trabalhadores do setor aéreo atingiu voos que estavam previstos para pousar e decolar no Aeroporto Zumbi dos Palmares, em Rio Largo, Região metropolitana de Maceió. Dois voos foram cancelados.

Os voos são da empresa Azul Linhas Aéreas. Um deles viria de Natal (RN) com escala em Recife (PE) e o outro sairia de Maceióx para Recife. De acordo com a Infraero, o cancelamento acontece por causa da paralisação dos trabalhadores de outros estados que acabou atingindo os voos que viriam ou sairiam de Maceió.

Ceará
Cerca de 400 aeroviários protestaram nesta manhã no Aeroporto Internacional Pinto Martins em Fortaleza. Os profissionais exibem cartazes com referência à paralisação nacional da categoria.

Goiás
Funcionários do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, não aderiram à paralisação do setor áreo na manhã desta quarta-feira. Mesmo assim, passageiros da capital foram afetados com mudanças em voos. Até as 9h, duas decolagens haviam sido canceladas e uma decolou com atraso de 1h20.

Sindicato espera adesão de 70%
Os trabalhadores pedem reajuste de 11%, para reposição da inflação no ano passado. Já as empresas do setor aéreo propõem que o aumento seja parcelado em duas vezes – 5,5% em fevereiro e 5,5% em junho, sem abranger o pagamento do valor retroativo à data-base da categoria, que é em 1º de dezembro.

Apenas as diárias nacionais, o vale-alimentação, vale-refeição e seguro de vida seriam reajustados de acordo com a índice da inflação e teriam a data-base respeitada, segundo o sindicato dos aeroviários.

Luiz da Rocha Cardoso Pará, presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA), espera que a adesão dos trabalhadores do setor chegue a 70%.

O Sindicato Naciona dos Aeronautas prevê que cerca de 300 voos sejam afetados. A entidade não considera que devam ocorrer cancelamentos, mas apenas atrasos.

Reembolso
A TAM informou que os passageiros com voos domésticos agendados entre 6h e 18h ou voos internacionais entre 6h e 8h terão liberadas as taxas de remarcação e a diferença de tarifas para que antecipem seus voos ou posterguem sua viagem em até 15 dias a partir da data do voo original, mediante disponibilidade.

Aos passageiros com voos domésticos ou internacionais agendados entre 6h e 8h também está disponível o reembolso dos bilhetes, isento de multa.

O passageiro deve entrar em contato com a Central de Vendas (4002-5700 – capitais e 0300 570 5700 – todo o Brasil), ir a uma loja TAM nos aeroportos ou entrar em contato com a agência emissora de seu bilhete. Ultrapassada a data para remarcação e/ou fora das condições, o passageiro fica sujeito às condições normais de compra e utilização dos bilhetes.

A TAM esclarece que está tomando todas as ações possíveis para manter a segurança das suas operações.

A Gol também não cobrará taxas para remarcação de suas viagens e que concederá reembolso integral das passagens.

A empresa recomenda a clientes com viagens marcadas para esta quarta que entrem em contato com a Central de Atendimento, pelo telefone 0300 115 2121, para verificar a situação de seus voos. A companhia reforça que adotará todas as medidas para minimizar os possíveis impactos aos seus clientes.

A Avianca Brasil informou que clientes com reservas em voos programados na quarta-feira poderão remarcar suas viagens com isenção de taxas, mediante disponibilidade de assentos. A companhia está à disposição dos passageiros pelos seguintes telefones: 4004-4040 (São Paulo e principais capitais); ou 0300-789-8160 (demais localidades).

A empresa ressaltou que resguarda a segurança de todas as suas operações e que não medirá esforços para poupar os clientes de eventuais transtornos.

A Azul Linhas Aéreas informou que, em caso de qualquer atraso ou cancelamento, prestará assistência aos clientes impactados. A companhia fará o possível para manter a normalidade de suas operações.

Posicionamento do sindicato das aéreas
O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) informou que nos últimos 10 anos, as companhias aéreas promoveram, automaticamente, o reajuste dos salários na data-base de dezembro pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e que ao final das negociações foi concedido reajuste acima da inflação apurada, representando ganho real.

De acordo com o SNEA, desde o início das negociações com as representações sindicais, seis propostas foram apresentadas, mas todas foram recusadas.

A entidade alega que, de acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de 2011 a 2014 a aviação comercial acumula R$ 9,4 bilhões de prejuízo líquido. E de janeiro a setembro de 2015, o prejuízo já é de R$ 3,7 bilhões.

O SNEA ressaltou que as empresas aéreas estão tomando todas as medidas para preservar a viagem dos passageiros, não apenas nesta semana, mas também durante todo o Carnaval.

Reprodução/G1