A agência de classificação de risco Standard and Poor’s (S&P) rebaixou nesta quarta-feira (28) a nota global da dívida da mineradora Samarco de “CCC” para “D”, último degrau da escala, caracterizando calote. A nota na avaliação nacional da companhia também foi rebaixada, de “brCCC” para “D”.
O rebaixamento acontece após o não pagamento de juros de um bônus que venceram na segunda-feira (26). Segundo a agência Reuters, o valor que deixou de ser pago foi e cerca de US$ 13,5 milhões.
Em comunicado, a S&P destaca que embora exista um período de carência de 30 dias para evitar o registro formal do calote, não acredita que isso irá acontecer. E avalia que a Samarco irá deixar de cumprir nos próximos meses o pagamento de outras obrigações financeiras.
"A Samarco atualmente não está funcionando, portanto, não gera receita, e queimou sua posição de caixa até 2016 para manter as operações ociosas e reconhecer alguns passivos relacionados ao rompimento da represa no fim de 2015".
"Acreditamos que a Samarco não vai fazer o pagamento nos próximos 30 dias e, provavelmente, vai deixar de fazer pagamentos de outras obrigações financeiras devidas nos próximos meses, incluindo pagamentos de juros sobre as outras notas seniores sem garantia. Como resultado, esperamos default da Samarco em todas ou substancialmente todas as suas obrigações", acrescentou a S&P.
A S&P destaca que as donas da Samarco, Vale e a BHP Billiton, tem afirmado que não irão fornecer apoio financeiro para a empresa, acrescentando ainda ter "dúvidas
significativas" sobre a retomada das operações da mineradora.
Procurada pelo G1, a Samarco não comentou o assunto até a última atualização desta reportagem.
Segundo a Reuters, a Samarco tem US$ 2,2 bilhões de dívidas em bônus e cerca de US$ 1,6 bilhão em empréstimos bancários, e tem que pagar em juros de três bônus US$ 54 milhões até novembro.
O não pagamento dos juros evidencia a relutância das controladoras da Samarco em oferecer mais recursos para a empresa, após aceitarem pagar até US$ 20 bilhões em multas e compensações relativas ao desastre ambiental de Mariana, em novembro do ano passado. Em agosto, uma decisão da Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) anulou a homologação do acordo.
A barragem da Samarco, cujas donas são a Vale e BHP Billiton, rompeu-se no dia 5 de novembro de 2015, deixando 19 vítimas. Quase dez meses após a tragédia, um corpo segue desaparecido. A lama liberada da estrutura destruiu o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), devastou o Rio Doce e ainda chegou ao litoral do Espírito Santo.
Reprodução/G1