O sindicato de motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo, Sindmotoristas, afirma que a extinção da função de cobradores na capital vai facilitar a ocorrência de abusos sexuais contra mulheres dentro dos coletivos como os ocorridos na última semana.
O fim da função é pretendido pela gestão João Doria (PSDB), que já afirmou em diversas oportunidades que pretende acabar com os cobradores nos ônibus e garantir o aproveitamento dos funcionários em outras funções dentro das viações. Atualmente, a cidade tem 18 mil cobradores e 30 mil motoristas de coletivos.
Segundo o presidente do Sindmotoristas, Valdevan Noventa, um ônibus sem cobrador é o mesmo que uma “casa sem dono”. “É como uma casa abandonada. Todo mundo vai usufruir, abusar e abusar como pretender”, afirma. “Tem gente que entra no ônibus só pra fazer isso e vai se sentir mais confortável”, diz.
Noventa afirma que o motorista tem de se preocupar com o trânsito e os passageiros nos pontos, e que o cobrador é quem dá uma assistência maior aos passageiros.
No caso de assédio da última terça-feira (29), na Avenida Paulista, em que uma passageira acusou o ajudante de serviços Diego Novais de ejacular em seu pescoço, foi o cobrador que percebeu o tumulto no coletivo e pediu ao motorista que não abrisse a porta para que fosse chamada a polícia.
O presidente do sindicato afirma que esse tipo de ação por parte do cobrador é comum e que ele mesmo, quando atuou na função nos anos 90, teve de lidar com casos de assédio. “A gente colocava pra fora do ônibus quem fizesse isso. Ainda não tinha essa cultura de chamar a polícia”, conta.
Reprodução/G1