O setor de serviços no Brasil avançou 1% em abril na comparação com março. Já na comparação com abril do ano passado, o avanço foi de 2,2% – a taxa mais alta desde março de 2015, quando foi de 2,3%. É o que aponta o levantamento divulgado nesta quinta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Puxado pelos serviços de transporte, este foi o primeiro resultado positivo do ano para o setor que representa 70% da composição do PIB.
Com o crescimento de abril em relação a março, o setor de serviços está 11,8% abaixo do ponto mais alto da série histórica, registrado em novembro de 2014. Em março, essa distância era de 12,8%.
O resultado positivo de abril poderá ser anulado pelo de maio, influenciado justamente pelo setor de transportes, devido à greve dos caminhoneiros nos últimos 11 dias do mês que paralisaram o país. Os transportes respondem pelo maior peso do setor de serviços, segundo o IBGE.
Por conta da greve dos caminhoneiros, economistas do mercado financeiro elevaram sua estimativa de inflação e passaram a prever uma alta menor do Produto Interno Bruto (PIB) para 2018. Conforme o relatório "Focus", divulgado na segunda-feira (11) pelo Banco Central, os analistas revisaram para 1,94% o crescimento do PIB no ano – foi a primeira vez que essa expectativa ficou abaixo de 2%.
Avanço disseminado
Na comparação com março, o resultado positivo do setor de serviços foi observado em quatro das cinco atividades investigadas pelo IBGE. O principal destaque foi para os transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, que teve crescimento de 1,2%, seguido pelos serviços profissionais, administrativos e complementares, que avançou 1,7%. Os serviços prestados às famílias tiveram alta de 1,5% e outros serviços de 0,7%.
De acordo com Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE, “os transportes, que têm peso de 30% sobre o índice, foram a atividade de maior influência, um pouco acima dos serviços profissionais, que representam 21%”. Ele destacou que o setor de transportes apresenta recuperação desde meados de 2017.
O único impacto negativo no mês veio dos serviços de informação e comunicação, que tiveram queda de 1,1%.
Na comparação com abril do ano passado também foi observado avanço em quatro das cinco atividades pesquisadas. A principal influência positiva também partiu dos transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, com alta de 4,4%. Os demais avanços vieram de outros serviços (11,4%), de serviços profissionais, administrativos e complementares (2,7%) e de serviços prestados às famílias (0,8%). Os serviços de informação e comunicação responderam pela única queda, de 1,6%, também nesta base de comparação.
Recuperação gradual
No acumulado dos últimos 12 meses o setor segue no vermelho, com queda de 1,4%. Esta, porém, é a taxa negativa menos intensa desde agosto de 2015, quando foi de -1,2%, conforme enfatizou o instituto.
Desde junho de 2015 a taxa acumulada em 12 meses para o setor de serviços se mantém em queda. Ela começou a desacelerar em abril do ano passado.
Segundo o IBGE, o acumulado do ano para o setor de serviços ficou em -0,6%. Dentre as cinco atividades, três tiveram taxas negativas: serviços de informação e comunicação (-3,2%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,2%) e serviços prestados às famílias (-1,6%). Tiveram alta os transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (1,9%) e outros serviços (4,1%).
Queda na maioria dos estados
Na análise regional, o IBGE apontou que, na passagem de março para abril, apenas 11 dos 27 estados registraram avanço no volume de serviços. Os principais destaques positivos foram São Paulo, com alta de 1,7%, e Rio Grande do Sul, com alta de 5,7%. Os principais resultados negativos vieram da Bahia, com queda de 5,5%, e do Paraná, com queda de 2,1%.
Na comparação com abril do ano passado, também foi observada queda no volume de serviços na maioria dos estados. Apenas 12 dos 27 tiveram alta. São Paulo e Rio Grande do Sul novamente exerceram os principais impactos positivos, com alta, respectivamente, de 5,1% e 6,8%. Bahia e Rio de Janeiro tiveram as influências negativas mais relevantes, de -11,2% e -1,1%, respectivamente.
G1 // AO