Brasil

Sérgio Moro deve ouvir Luiz Estevão sobre propinas para Gim Argello

Caso foi revelado após a deputada Liliane Roriz divulgar áudios de conversas entre ela e o empresário.

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Breno Fortes/CB/D.A Press - Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - Heuler Andrey Depois da divulgação das gravações em que menciona a extorsão de empresários na CPI da Petrobras, advogados de réus da Operação Lava-Jato devem pedir a convocação de Luiz Estevão. Para criminalistas ligados ao caso, as declarações feitas pelo ex-senador durante a conversa com Liliane Roriz reforçam a tese de que Gim Argello ameaçou e coagiu donos de empreiteiras ao cobrar doações eleitorais em troca de livrá-los de convocações. Isso pode ajudar a formular a defesa de empresários enrolados na Lava-Jato. Tanto advogados quanto representantes do Ministério Público Federal podem solicitar a oitiva de novas partes.

Expectativa em Curitiba
Os próximos dias devem ser agitados em Curitiba. Ontem, foi feriado na capital paranaense e os advogados não puderam protocolar petições. O processo contra Gim Argello, Paulo Roxo, Valério Neves, além de empresários como Marcelo Odebrecht, Leo Pinheiro, Roberto Zardi e Ricardo Pessoa está em fase final e a sentença deve sair em breve. 

Leo Pinheiro, da OAS, que ficou em silêncio no primeiro depoimento, pediu uma nova oportunidade para falar e será interrogado na próxima terça-feira. A oitiva tem potencial explosivo e é ainda mais esperada depois do surgimento das gravações de Luiz Estevão e Liliane Roriz. Pinheiro é um dos que podem se beneficiar com a tese de que Gim coagiu e ameaçou empresários.

Entenda
Áudios gravados pela deputada Liliane Roriz (PTB) em uma conversa com o empresário Luiz Estevão comprometem o ex-senador Gim Argello e, por isso, foram enviados à força tarefa da Operação Lava-Jato. As gravações foram divulgadas pela TV Globo na terça-feira (6/9). Na conversa, Luiz Estevão dá a entender que os recursos usados na campanha de Liliane Roriz vieram de extorsões que supostamente foram realizadas na CPI da Petrobras.

“Você, por exemplo, nestas eleições, não precisou tirar dinheiro do seu bolso. É uma situação que não se repete. Você não terá um Gim Argello, vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a Petrobras, em que as empreiteiras, até então não tinha começado a Operação Lava-Jato, pagariam qualquer preço para o Gim para que ele evitasse que elas fossem convocadas para depor na CPI. Verdade isso, ou não é? E por que você acha que aquelas doações aconteceram?”, diz o ex-senador. Liliane Roriz recebeu cerca de R$ 1 milhão da UTC Engenharia, e as doações foram intermediadas por Gim. Na época, a deputada era filiada ao PRTB, comandado por Luiz Estevão.

Na sequência, Estevão diz que, em Brasília, “de cada 100 caras, 90 são bandidos”. “Vivem de bandidagem, putaria e sacanagem. Vivem roubando, tomando dinheiro, cobrando comissão, entendeu? Fazendo negócio fajuto com o governo local, com o governo federal. Agora, o que acontece? Todo mundo é santo. A cidade só tem um bandido que é conhecido, com diploma pregado na parede. Quem é o único bandido diplomado de Brasília? Diga, pode falar o que o seu sorriso tá dizendo”, disse Luiz Estevão à deputada Liliane Roriz. “O seu sorriso tá dizendo. Quem é o único bandido diplomado de Brasília? Pode dizer, quem é? É Luiz Estevão”, afirmou o ex-senador.

Fonte: Correio Brasiliense