O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), afirmou nesta quinta-feira, 8, que a reforma da Previdência “vai sair defeituosa” se for aprovada antes da eleição, em outubro. Segundo ele, as modificações no texto para viabilizar sua aprovação não resolveriam o problema, seriam “superficiais” e acabariam dificultando um debate mais profundo na disputa eleitoral.
“O presidente Michel Temer está obstinado, mas, se não for aprovada agora, (a reforma) pode sair em novembro. Ela deve ser discutida na próxima eleição, pois candidatos têm que dizer o que vão fazer com o dinheiro público. Se sair agora, vai sair defeituosa e o próximo presidente vai dizer ‘ah, já foi feita'”, declarou Eunício, em café com jornalistas.
O emedebista voltou a avaliar que o governo errou na estratégia de comunicação sobre a reforma, no ano passado, e que a proposta foi “mal vendida”. “Tem coisa que pega e tem coisa que não pega”, avaliou. Ele considerou que, se a proposta fosse apenas sobre a questão da idade mínima, teria sido aprovada em 2017.
Apesar das críticas, ele disse que não descarta a possibilidade da reforma ainda ser aprovada na Câmara no fim do mês. Caso isso ocorra, ele disse que não levará a proposta diretamente para o plenário do Senado, e que o tema precisará, pelo menos, passar pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa.
Ele voltou a lamentar que a Câmara tenha tido mais de um ano para analisar o projeto, enquanto o Senado terá menos tempo. E disse ainda que, se fosse Temer, diria que “já fez sua parte” sobre a reforma. Reconhecendo as dificuldades para aprovar a matéria, o presidente da República disse a mesma frase na semana passada.
Estadão Conteúdo // AO