Brasil

Salário médio mensal do brasileiro teve queda de 3,2% em 2015, aponta IBGE

Considerando o salário somado a outras remunerações, queda foi de 4,8%.

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Em 2015, 1,7 milhão de assalariados perderam o emprego no país, o que representa uma redução de 3,6% em relação ao ano anterior (Foto: Jana Pessôa/Setas-MT)

O salário médio mensal pago ao trabalhador brasileiro teve queda de 3,2% de 2014 para 2015, ano em que o país perdeu 1,7 milhão de postos de trabalho assalariado. É o que aponta o Cadastro Central de Empresas (Cempre), divulgado nesta quarta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o levantamento, se considerado o total de salários somado a outras remunerações, a queda no rendimento médio mensal foi de 4,8% em 2015 em relação ao ano anterior. Considerando todas as atividades econômicas, o salário médio mensal em 2015 foi de R$ 2.480,36.

Segundo o IBGE, os maiores salários médios mensais foram pagos por empresas ligadas às atividades de eletricidade e gás (R$ 6.870,31). Em segundo lugar no ranking dos maiores salários vêm as atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (R$ 4.648,91), seguido pelas empresas ligadas a organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (R$ 4.648,91).

As três atividades com as maiores médias salariais absorveram juntas 2,4% do total de pessoal ocupado assalariado no país. As três apresentaram salários, respectivamente, 177%, 136,5% e 87,4% acima da média.

Já os menores salários foram pagos aos trabalhadores dos setores de alojamento e alimentação (R$ 1.249,49), atividades administrativas e complementares (R$ 1.522,75) e comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (R$ 1.609,10). Estes valores representam salários, respectivamente, 49,6%, 38,6% e 35,1% abaixo da média.

O IBGE destacou que as três atividades com as menores médias salariais absorviam 32,9% do total de trabalhadores assalariados no país.

Salário médio mensal no Brasil em 2015 por setor de atividade
Média salarial no país foi de R$ 2.480,36 e teve queda de 3,2% em relação a 2014
Valor em R$6.8706.8705.8675.8674.6484.6484.1464.1463.4853.4853.0133.0132.5902.5902.4802.4802.1612.1611.9301.9301.6781.6781.5221.522Eletricidade e gásAtividades financei…Organismos interna…Indústrias extrativasInformação e comu…Administração públ…EducaçãoAtividades científic…Água e esgotoIndústrias de transf…Saúde humana e se…Média geralTransporte, armaze…Atividades imobiliá…ConstruçãoArte, cultura, espor…Outras atividades d…Agricultura e pecuá…Comércio e reparaç…Atividades administ…Alojamento e alime…02k4k6k8k
Fonte: IBGE

O Cempre enfatizou que os salários têm relação direta com o porte da empresa empregadora. Os maiores salários médios mensais (R$ 3.212,24) foram pagos por organizações com 250 ou mais empregados. Já os menores salários médios mensais (R$ 1.324,76) foram pagos por empresas com até nove pessoas ocupadas.

Ainda em termos salariais, o Cempre mostrou que se manteve em 2015 uma diferença entre os salários pagos a homens e mulheres. Os homens receberam, em média, R$ 2.708,22 por mês e as mulheres R$ 2.191,59 – uma diferença de 23,6%. Ou seja, o salário médio mensal das mulheres correspondia a 81% do pago aos homens.

A disparidade de remuneração foi ainda maior entre os trabalhadores com e sem ensino superior – respectivamente R$ 5.349,89 e R$ 1.745,62, representando uma diferença 206,5%.

Comércio é o setor que mais emprega no país

Segundo o IBGE, em 2015 o setor de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas se manteve na liderança como a atividade que mais emprega no país, posto ocupado desde 2010, quando teve início o Cempre. Em 2015, havia 9,1 milhões de pessoas ocupadas neste ramo de atividade, o que representou 22,1% do total de pessoas ocupadas no país.

Apesar de ser a atividade que mais emprega e com o maior número de empresas (39,2% do total de empresas), o comércio ficou em terceiro lugar no ranking dos menores salários pagos no país.

Em segundo lugar no ranking do setor que mais empregava em 2015 ficaram as indústrias de transformação, que absorvia 15,4% do total de ocupados no país. Porém, considerando o pessoal ocupado a assalariado, o setor ficou na terceira posição (16,4%). Segundo o IBGE, isso se deu pelo fato da redução de 649 mil pessoas assalariadas no setor em relação ao ano anterior.

Pessoal sem nível superior perdeu mais emprego

De acordo com o Cempre, em 2015 o país perdeu 1,7 milhão de postos de trabalho assalariado, o que representa uma queda de 3,6% na comparação com o ano anterior.

Considerando o nível de escolaridade do trabalhador, houve avanço de 0,4% daqueles com ensino superior. Em contrapartida, houve uma redução de 4,5% daqueles sem ensino superior.

Com isso, a participação relativa do pessoal ocupado assalariado com nível superior aumentou 0,8 ponto percentual entre 2014 e 2015, passando de 19,6% para 20,4%.

A pesquisa mostrou ainda que entre 2010 e 2015, a participação do pessoal ocupado assalariado sem nível superior se reduz à medida que aumenta o porte da empresa empregadora.

Em 2015, nas empresas com até 9% de pessoas ocupadas, 93,3% não tinha nível superior, enquanto naquelas com 250 ou mais pessoas ocupadas 71,2% possuía curso superior.

Sudeste teve a maior redução de assalariados

Ainda segundo o Cempre, entre 2014 e 2015 a região Sudeste perdeu mais de 1 milhão de assalariados – a maior queda de pessoal ocupado dentre as regiões. Com isso, pela primeira vez a região deixou de concentrar a maior parte dos assalariados do país. Até 2014, o Sudeste concentrava 50,2% dos empregados e em 2015 passou a concentrar 49,8%.

De acordo com a analista do Cempre, Kátia Carvalho, a queda no Sudeste se deu, sobretudo, nas indústrias de transformações, que perderam quase 363 mil assalariados, e na construção, que registrou cerca de 200 mil vínculos a menos. Outras perdas significativas ocorreram nas atividades administrativas (-143.338) e comércio (-134.096).

Ainda segundo o cadastro, de 2014 para 2015, o Sudeste perdeu 34.185 empresas da seção comércio. Em todo o país, o comércio perdeu 39.225 unidades locais. Ou seja, 87% desses estabelecimentos estavam no Sudeste.

Reprodução/G1