A morte do ministro Teori Zavascki em um acidente aéreo na última quinta-feira, em Paraty (RJ), incendiou o cenário político e elevou a pressão de partidos e juristas para tentar influenciar na indicação do sucessor no Supremo Tribunal Federal. Embora o presidente Michel Temer tenha dito que escolherá um nome técnico, todos os cotados para o posto têm padrinhos políticos, a maioria deles envolvidos ou de partidos que estão sob investigação na Operação Lava-Jato. "Você não tem noção do clima que está na Esplanada pressionando o governo", admitiu um interlocutor do governo.
O suspense enlouqueceu a bolsa de apostas em Brasília. "Se Temer quiser fazer um mínimo de marola possível, ele vai pelo caminho mais seguro e indica alguém do Superior Tribunal de Justiça, repetindo a trajetória de Teori", avalia um especialista do Poder Judiciário. Mas esse mesmo analista não tem certeza se isso ocorrerá e afirmou que, no meio jurídico, dois nomes aparecem com boas chances: Yves Gandra Filho, do Tribunal Superior do Trabalho, e João Otávio Noronha, do Superior Tribunal de Justiça. Uma terceira opção, menos provável, seria Flávia Piovesan, atual secretária de Direitos Humanos do Ministério da Justiça.
Gandra Filho tem dois aliados de peso nesse processo. O presidente do TST é ligado à direita da Igreja Católica e segue a mesma corrente religiosa do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Contemplaria, portanto, o tucanato paulista. Gandra Filho também tem o apoio do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.
Mendes esteve reunido com Temer e o secretário do Programa de Parceria do Investimento (PPI), Wellington Moreira Franco, no domingo. De acordo com as assessorias, o trio conversou sobre a atual conjuntura do país, sem entrar em detalhes de indicações. O jurista Yves Gandra pai disse ao Correio que é amigo do presidente Temer há uns 40 anos e que, por isso, não ligou para ele para não constrangê-lo sugerindo uma indicação. “Assim, ele poderá escolher quem quiser, sem qualquer desconforto em relação a um amigo”. Mas acrescentou: “ele tem o perfil mais adequado, sem demérito dos outros bons nomes que a imprensa tem circulado”.
Reprodução: Correio Brasiliense
Eis os cotados para o STF (em ordem alfabética):
ALEXANDRE DE MORAES
Alexandre de Moraes, 49, é ministro da Justiça. Filiado ao PSDB, tem interesse em ir para o STF, mas também deseja ser governador de São Paulo.
BRUNO DANTAS
Bruno Dantas, 38 anos, é ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) desde 2014. Tem apoio do presidente do Senado, Renan Calheiros.
FLÁVIA PIOVESAN
Flávia Piovesan, 48, é secretaria Nacional dos Direitos Humanos. Procuradora do Estado de São Paulo e professora universitária, ela não tem filiação.
GRACE MENDONÇA
Grace Mendonça, 48, é atual advogada–geral da União. É funcionária de carreira da AGU desde 2001 e especialista em direito processual civil.
HELENO TORRES
Heleno Torres, 49, é advogado tributarista. Havia sido escolhido por Dilma Rousseff para substituir Carlos Ayres Britto. A então presidente recuou após vazamento na imprensa.
HERMAN BENJAMIN
Herman Benjamin, 59 anos, é ministro do Superior Tribunal de Justiça desde setembro de 2006, indicado pelo então presidente Lula. É membro substituto do Tribunal Superior Eleitoral.
HUMBERTO MARTINS
Humberto Martins, 60, é vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça. Atuou como desembargador em Alagoas. Foi indicado ao STJ em 2006, pelo ex-presidente Lula.
ISABEL GALLOTTI
Isabel Gallotti, 53, é ministra do Superior Tribunal de Justiça. Foi juíza do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Magistrados da família Gallotti já ocuparam cargos de ministro do STJ e do STF.
IVES GANDRA FILHO
Ives Gandra Filho, 57, é presidente do Tribunal Superior do Trabalho. Já foi do Conselho Nacional de Justiça. Formou-se em Direito pela USP. Fez mestrado na UnB e doutorado pela Federal do Rio Grande do Sul. Considerado conservador e seguidor da Opus Dei. Defende a flexibilização das leis trabalhistas.
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA
João Otávio de Noronha, 60, é ministro do Superior Tribunal de Justiça desde dezembro de 2002, indicado por Fernando Henrique Cardoso. Tomou posse em agosto de 2016 no cargo de corregedor do Conselho Nacional de Justiça.
LUIS FELIPE SALOMÃO
Luis Felipe Salomão, 53, é ministro do Superior Tribunal de Justiça desde junho de 2008, indicado por Lula. Preside a comissão de juristas com a finalidade de elaborar anteprojeto de lei de arbitragem e mediação.
LUIZ ANTÔNIO MARREY
Luiz Antônio Marrey, 61, é promotor e ex-secretário da Casa Civil e de Justiça de São Paulo. Foi procurador-geral de Justiça do Estado em 3 mandatos e membro do Conselho Superior do Ministério Público. Formou-se em Direito pela USP.
MAURO CAMPBELL
Mauro Campbell, 53, é ministro do Superior Tribunal de Justiça. Foi cotado para vaga de Joaquim Barbosa no STF. Tem apoio de Eduardo Braga.
RICARDO VILLAS CUEVA
Ricardo Villas Cueva, 54, é ministro do Superior Tribunal de Justiça. Atuou como procurador do Estado de São Paulo e procurador da Fazenda Nacional.
SÉRGIO MORO
Sérgio Moro, 44, é juiz federal da 4ª região. Responsável pelos julgamentos em 1ª instância dos crimes da Operação Lava Jato. Graduou-se em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (PR). É especialista em direito penal.
Fonte: Poder 360