O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou na tarde desta sexta-feira (7) na Justiça Federal, em Macapá, uma ação popular que pede a suspensão da decisão da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, de extinguir o grupo de trabalho dedicado exclusivamente às investigações da Operação Lava Jato. Agentes e delegados que atuavam na operação passam a compor agora a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (Delecor), sem que haja prejuízo às investigações, segundo a PF.
A instituição acrescentou em nota na quinta-feira (6) que a medida aumenta o efetivo especializado no combate à corrupção e lavagem de dinheiro e também facilita o intercâmbio de informações. Randolfe Rodrigues estranhou a decisão e acredita que se trata de uma interferência direta do atual ministro da Justiça, Torquato Jardim, para "sufocar os trabalhos dos investigadores contra políticos e empresários".
"Trata-se, ao meu entender, de uma obstrução da Justiça. A força-tarefa da Lava Jato já recuperou para o país ao menos R$ 10 bilhões pelo conjunto de buscas, apreensões, prisões e condenações. A operação é um patrimônio do povo brasileiro e tem que ser uma conquista irreversível da sociedade", reforçou. A ação pede a suspensão liminar até que o Ministério da Justiça apresente estudos "conclusivos sobre os impactos dessa medida na operação". O senador acredita que a mudança na atuação da PF tem por objetivo barrar e limitar a Lava Jato. "Essa é uma ação organizada por parte do governo Temer, que é investigado diretamente pela Lava Jato. Se trata de uma ação coordenada de obstrução das investigações, de impedir o avanço da operação, é em decorrência disso que movemos essa ação popular", disse.
Grupo de trabalho
Em entrevista coletiva, o delegado Igor Romário de Paula, chefe da Delecor, disse na quinta-feira que os delegados que atuam na Lava Jato devem sentir pouca diferença no dia a dia de trabalho. “Impacto no volume de trabalho é muito pouco. Pelo contrário. A ideia é diminuir o número de procedimentos da Lava Jato [para cada delegado], porque a gente sabe que os procedimentos da Lava Jato são mais complexos e que eles poderiam ser divididos entre um maior número de delegados”, afirma.
MPF fala em retrocesso
Para o Ministério Público Federal (MPF), a medida gera redução no número de policiais ativos na Lava Jato. "O efetivo da Polícia Federal na Lava Jato, reduzido drasticamente no governo atual, não é adequado à demanda. Hoje, o número de inquéritos e investigações é restringido pela quantidade de investigadores disponível", diz nota enviada pela Procuradoria da República no Paraná. A procuradoria contrapõe a posição da PF afirmando que houve aumento no número de procuradores para atuarem na Lava Jato, ao passo em que a Superintendência da PF teve redução no número de delegados nos últimos meses.
Reprodução: G1 Amapá