O volume de dinheiro pago por empresas de ônibus do Rio de Janeiro a políticos chegou a R$ 250 milhões em apenas quatro anos. A informação foi passada pelo empresário Marcelo Traça Gonçalves, durante interrogatório realizado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. A audiência, realizada nesta quarta-feira (15), é referente à Operação Cadeia Velha.
Traça chegou a ser preso durante um mês, em julho de 2017, durante a Operação Ponto Final, mas acabou beneficiado por decisão expedida pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em agosto. Acabou virando colaborador da Justiça.
Na audiência, ele contou que era comum terem de pagar propinas milionárias para evitar que projetos fossem votados na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) prejudicando as empresas de ônibus e também para que elas não sofressem multas por descumprimento de horários ou outras irregularidades.
Outro motivo alegado por Traça para o pagamento de propina era garantir que o governo reprimisse o transporte clandestino, principalmente de vans, que concorriam ilegalmente com as linhas de ônibus.
Segundo Traça, o total de propina paga pelas empresas por meio da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) poderia ser até ligeiramente superior aos R$ 250 milhões, contabilizados apenas entre 2013 e 2016. Ele contou que, mesmo com a Operação Lava Jato em curso, os pagamentos de propina continuaram.
Entre os réus da Operação Cadeia Velha, estão o presidente licenciado da Alerj, deputado Jorge Picciani, e os deputados Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do MDB.
Antes de Traça, prestou depoimento a Bretas o ex-executivo da Odebrecht Benedicto Júnior, que afirmou ter feito, em 2014, pagamento em caixa dois de R$ 23 milhões à campanha do atual governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, que negou, por meio de nota, ter recebido dinheiro de forma ilegal.
Agencia Brasil // AO