Três presos foram mortos a facadas e um ficou gravemente ferido na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, maior presídio do Rio Grande do Norte. A informação foi confirmada na manhã desta terça-feira (09), pela Coordenação de Administração Penitenciária (Coape). Os mortos, no entanto, ainda não foram identificados. A hora em que aconteceram os homicídios e a causa também são desconhecidas. Alcaçuz fica em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal.
Diretor da Coape, Zemilton Silva disse que os presos foram mortos no pavilhão 1, local onde os presos tinham uma boa convivência. "Até então estava tudo calmo", ressaltou. A Polícia Civil e o Instituto Técnico de Perícia (Itep) foram chamados.
Com mais estes três homicídios, chega a 19 o número de presos encontrados mortos dentro de unidades prisionais do Rio Grande do Norte somente em 2016. Ano passado foram 28. Do total de 2015, 25 foram assassinados a facadas ou encontrados enforcados (mortos em condições suspeitas). Outros dois morreram soterrados após o desabamento de um túnel em Alcaçuz. Ainda houve o caso de um adolescente que foi morto ao ser baleado em uma unidade para cumprimento de medida socioeducativa durante uma tentativa de resgate no Ceduc de Caicó. Os números são da Coordenadoria de Análises Criminais da Secretaria Estadual de Segurança Pública.
Sistema em calamidade
O sistema penitenciário potiguar não passa por um bom momento. E faz tempo. Em março de 2015, após uma série de rebeliões em várias unidades prisionais, o governo decretou estado de calamidade pública e pediu ajuda à Força Nacional. Para a recuperação de 14 presídios, todos depredados durante os motins, foram gastos mais de R$ 7 milhões. Tudo em vão. As melhorias feitas foram novamente destruídas. Atualmente, em várias unidades, as celas não possuem grades e os presos circulam livremente dentro dos pavilhões.
Ataques
Os últimos dias são de tensão dentro e fora do sistema prisional potiguar. Nas ruas, 107 ataques criminosos já foram registrados em 37 cidades, tudo em razão da instalação de bloqueadores de celular na Penitenciária de Parnamirim, na Grande Natal. Uma facção, formada dentro dos presídios do estado, reivindica os ataques.
Apontados como chefes desta facção, 21 detentos foram transferidos no final de semana para as penitenciárias federais de Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).
Outros cinco presos, também apontados como chefes da facção, já haviam sido transferidos no início do mês para a Penitenciária Federal de Mossoró.
Bloqueadores
Os bloqueadores de celular foram instalados no dia 28 de julho. No dia seguinte, começaram os ataques. Os principais alvos dos criminosos foram ônibus, carros, prédios da administração pública e bases policiais. Um dos acessos ao Aeroporto Internacional Aluízio Alves, e até mesmo a vegetação do Morro do Careca – um dos principais cartões-postais do estado – também foram alvos dos atentados.
O primeiro registro de atos de vandalismo no estado foi em Macaíba, quando um micro-ônibus foi incendiado na BR-304. Já o último, ainda está em investigação. Aconteceu na madrugada deste domingo (7) em Senador Georgino Avelino, município distante pouco mais de 50 quilômetros de Natal. As chamas destruíram um ônibus, um caminhão e uma retroescavadeira em uma garagem da prefeitura.
Reprodução: G1