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Presidente do TCE-RJ é conduzido coercitivamente para a sede da PF

Polícia Federal deflagrou operação nesta terça-feira para investigar os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro cometidos por Jonas Lopes.

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Resultado de imagem para Presidente do TCE-RJAgentes da polícia federal e do Ministério Público Federal cumpriram, na manhã desta terça (13), um mandado de condução coercitiva do presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio, Jonas Lopes, que foi levado para depor na sede da polícia federal. Outras duas pessoas também foram levadas coercitivamente para a sede da Polícia Federal.

Segundo a deleção premiada de Leandro Azevedo, ex-diretor da Odebrecht no Rio, Jonas Lopes pediu para aprovar contratos que favoreciam a empresa. Os pedidos envolveriam o Maracanã e a Linha 4 do Metrô do Rio.

Quarenta policiais federais cumprem dez mandados de busca e apreensão e três mandados de condução coercitiva.

A polícia federal, em ação conjunta com o Ministério Público Federal (MPF), deflagrou, nesta terça (13), a Operação Descontrole com o objetivo de investigar os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, entre outros, por um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro e pessoas a ele vinculadas. A Operação Descontrole é resultado de investigação da Força-Tarefa da Operação Lava Jato no Estado do Rio de Janeiro.

Delação premiada

De acordo com delação premiada, o esquema de pagamento de propina pela empreiteira Odebrecht a políticos chegava também ao órgão encarregado de fiscalizar os gastos do governo do Estado do Rio.

o ex-diretor de Contratos da Odebrecht Leandro Azevedo disse que Jonas, presidente do TCE, pediu dinheiro para aprovar o edital de concessão do estádio do Maracanã e o relatório de contas da linha 4 do metrô do Rio.

A revelação está no acordo de delação assinado com o Ministério Público Federal de Leandro Azevedo, ex-diretor superintendente da Odebrecht no Rio de Janeiro.

Ele diz que em 2013 Wilson Carlos, então secretário de Governo de Sérgio Cabral – na época governador do Rio – mandou um recado à empreiteira: que o edital de concessão do Maracanã já tinha sido enviado ao Tribunal de Contas do Estado e que a empresa deveria procurar o presidente do TCE, Jonas Lopes.

Leandro Azevedo conta que procurou Jonas Lopes e acertou o pagamento de R$ 4 milhões em quatro parcelas de R$ 1 milhão, que seriam pagas de seis em seis meses. Ele diz que quando esteve com Jonas Lopes, o presidente do TCE já sabia qual era o valor que tinha sido acertado.

Leandro Azevedo afirma que a "contrapartida era absolutamente clara”. Em troca do pagamento, o TCE aprovaria o edital da concessão do Maracanã. A primeira parcela, segundo o executivo da Odebrecht, foi paga em 10 de fevereiro de 2014. Mas, segundo ele, os outros pagamentos não foram feitos em razão da Operação Lava Jato, deflagrada em março daquele ano.

Leandro Azevedo afirma que o valor de R$ 1 milhão foi entregue ao filho de Jonas Lopes, Jonas Lopes de Carvalho Neto, no escritório de advocacia dele, no Centro do Rio. Ele diz que em dezembro de 2014 foi chamado ao gabinete do presidente do TCE e que Jonas Lopes cobrou o atraso no pagamento.

Ele conta que no gabinete, sobre a mesa, havia um jornal com uma manchete sobre a Operação Lava Jato e que, em resposta à cobrança, disse ao presidente do TCE: “Vou ao toalete, o senhor dê uma olhada no Globo”, se referindo ao jornal.

Jonas Lopes pediu desculpas e disse que “estava sendo pressionado por outros conselheiros”. E a conversa foi encerrada. Segundo o acordo de delação do ex-diretor da Odebrecht, este não foi o único episódio envolvendo o presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio. Leandro Azevedo conta que, no início de 2014, Jonas Lopes procurou executivos de empreiteiras para pedir propina em troca da aprovação das contas das obras da linha 4 do metrô do Rio.

Leandro Azevedo diz que Jonas Lopes pediu propina a executivos das três empreiteiras do consórcio responsável pela linha 4 do metrô do Rio: Queiroz Galvão, Odebrecht e Carioca Engenharia.

E que o presidente do TCE argumentou que o contrato do metrô era muito complexo e que se quisessem aprová-lo teriam que pagar 1% do valor do contrato. Leandro Azevedo relata que ficou surpreso com a exigência de um valor tão alto, aproximadamente R$ 60 milhões, e disse que teria que consultar os sócios.

Ele conta que algum tempo depois foi convocado por Jonas Lopes para uma reunião com a presença dos executivos da Queiroz Galvão e da Carioca Engenharia e que, durante essa reunião, "a cobrança foi ostensivamente feita".

Segundo Leandro Azevedo, ele e os representantes das outras duas empresas não se manifestaram. E a Odebrecht não fez o pagamento.

Reprodução/G1