Brasil

Prefeito do Rio diz que sentimento por nadadores é de 'pena' e 'desprezo'

Ele disse que é preciso aceitar as desculpas do Comitê Olímpico Americano

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 src=O prefeito do Rio, Eduardo Paes, declarou na manhã desta sexta-feira (19) que “seu único sentimento” pelos nadadores americanos que reportaram um assalto que não ocorreu, após uma festa na Casa França, Zona Sul, no domingo (14), "é de pena e desprezo”.

"Eu acho que todos nós mais do que temos que aceitar as desculpas do Comitê Olímpico dos Estados Unidos, da mesma maneira que o nosso Comitê Olímpico tinha se desculpado quando achava que o assalto tinha acontecido. As desculpas estão mais do que aceitas", disse Paes.

Questionado sobre a imagem que ficaria do Rio de Janeiro após a história de assalto inventada pelos nadadores americanos, o prefeito disse que "o único sentimento que tem em relação a esses atletas é de pena e desprezo".

Suposto assalto
Na madrugada de domingo (14), Ryan Lochte e outros três nadadores disseram ter sido assaltados após deixarem uma festa na Lagoa, Zona Sul. Após localizar vídeos e testemunhas, a investigação da Polícia Civil apontou que o assalto não ocorreu. Ryan Lochte, que já está nos EUA, e James Feigen, que teve o passaporte retido, foram indiciados por falsa comunicação de crime. Já Gunnar Bentz e Jack Conger foram liberados para deixar o país.

 src=Na apuração do caso, a Polícia Civil descobriu que os nadadores pararam em um posto de gasolina para ir ao banheiro. Os funcionários disseram que os nadadores vandalizaram o banheiro e foram abordados para pagar o prejuízio. O segurança relatou que chamou a Polícia Militar pelo telefone 190.

"Primeira coisa que eu fiz foi chamar a polícia. Comuniquei ao taxista para não sair com o veículo, que eles tinham cometido um ato criminoso. Eles tinham destruído o patrimônio do posto e falei que era para aguardar, que eu tinha chamado a viatura. O taxista falou: ‘Tudo bem’", explicou o segurança.

Prevista no artigo 340 do Código Penal, a "falsa comunicação de crime" significa "provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado". A pena é de detenção, de um a seis meses, ou multa.

Segundo o relato do segurança, os americanos não queriam aguardar a chegada da polícia e dois teriam saído caminhando pela rua.

"Dois correram para a rua. Dois ficaram porque eu segurei. Eu falei que não ia sair. Quando esses dois que foram para a rua viram que os amigos deles estavam comigo, voltaram na minha direção. Quando eles voltaram na minha direção, se eles iam me agredir ou não, porque eles estavam muito alterados. Muito, muito, muito. Meu amigo que estava comigo no posto viu os dois vindo na minha direção, sacou a arma, falou para eles pararem. Foi quando eu saquei a minha arma também, me identifiquei", conta o segurança.

"Falei para todo mundo deitar no chão. Depois que chegou uma pessoa que conseguia se comunicar em inglês. Botaram. Falou para eles deitarem, que era policial, que estava ali para ajudar, e falaram que eles quebraram o banheiro, fizeram xixi no chão. Urinaram no chão e eles falaram que estavam com 20 dólares e 100 reais para pagar o prejuízo que eles deram no posto", afirmou.

Na ocasião, um DJ que estava na região ajudou a traduzir a conversa com os americanos. "Eles entregaram o dinheiro na mão desse rapaz que estava verbalizando com ele. Entreguei na mão do gerente para o dono do posto. Esse dinheiro é para pagar o prejuízo que eles estão indo embora. A viatura não chegou”, afirmou.

O segurança contou que nenhum dos atletas foi revistado. “Eu nem carteira deles eu vi. Nem vi carteira. Eu só vi na hora que ele deu 20 dólares para o rapaz e duas notas de 50”.

Caso esclarecido para a polícia

Para a polícia, o caso já está esclarecido, mas não encerrado. O chefe de Polícia disse que já pediu e vai ter a ajuda do FBI para tentar ouvir mais uma vez o nadador Ryan Locht, agora nos Estados Unidos.

“Em tese, eles podem vir a responder por falsa comunicação. Um ou dois, ou os quatro, por falsa comunicação de crime e por dano ao patrimônio. Em tese. Não estou dizendo que serão indiciados por isso. Estou dizendo que a investigação tem que ser concluída. Mas em principio isso não é fato que possa gerar a prisão dos autores”, disse o delegado.

O Comitê Olímpico Internacional informou que não vai comentar o caso, mas que apoia o trabalho da polícia.O Comitê Rio 2016 acredita que os atletas já sofreram uma grande punição ao serem pegos na mentira.

Reprodução: G1