A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, nesta manhã de segunda-feira (1), nove pessoas investigadas por fornecer armas, munição e drogas para traficantes de todas as fações criminosas que atuam no RJ.
Toda a entrega era monitorada, via satélite, por integrantes do bando. O percurso era conferido por um aplicativo instalado no telefone celular.
Os clientes negociavam os preços por telefone ou através de mensagens de texto.
A operação, comandada pela Delegacia do Engenho Novo, durou cinco meses.
De acordo com a polícia, estão entre os presos, José Iran Bezerra de Castro e Robson Carlos Andrade Macial, suspeito de chefiar a quadrilha.
Em interceptações telefônicas, realizadas pela polícia com autorização judicial, integrantes do grupo são flagrados conversando sobre os valores das drogas:
Washington: "Tu perguntou quanto que é o bagulho lá da tonelada lá da maconha pro grupo lá"
Mulher não identificada: uma tonelada fechada (de maconha) dá um milhão e 100
Casa de suspeita vale R$ 6 milhões
A polícia investiga uma possível conexão internacional do grupo. Numa casa, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, foi presa a colombiana Lissy Garcia, apelidada de "Gringa".
A mansão tem jardins e piscina, e, segundo a polícia, vale R$ 6 milhões.
Os policiais ainda prenderam Rossimeire Cordeiro, a Rose. Ela é casada com Lindomar Gomes, o Costa, que está no presídio Bangu 4 e coordenava algumas ações do interior da cadeia.
Costa foi preso pela Polícia Federal, em maio deste ano. No carro dele, foram apreendidos 40 quilos de cocaína e um fuzil.
De acordo com a polícia, Rose e Viviane Lucinda de Souza, que também foi presa, seriam responsáveis pelo contato com traficantes para o fornecimento das drogas nas comunidades. A polícia ainda suspeita que estivesse ocorrendo um "racha" na quadrilha.
Outras interceptações telefônicas mostram isso:
Rose: "Se acontecer alguma coisa comigo eu quero que ela (Viviane) seja denunciada. Você pode dizer que ele (Costa) trabalhava para ela, que ele se encontrava com ela no colégio, que ela abastecia o carro para ela, ela e a mãe dela".
Lavando dinheiro em açougues
Os policiais suspeitam que os integrantes da quadrilha estejam lavando o dinheiro da venda de drogas e armas em dois açougues que pertenceriam à colombiana Lissy Garcia. Os estabelecimentos estariam localizados na Gardênia Azul, em Jacarepaguá.
"Nós fizemos o caminho inverso ao que normalmente é feito, que é o combate ao tráfico na boca de fumo. Desta vez, a polícia inverteu o caminho: nós começamos a investigar um grupo de narcotraficantes colombianos residentes no Brasil que, supostamente, estariam trazendo drogas principalmente cocaina e maconha", afirmou o delegado Fábio Asty.
O delegado avalia que as funções da quadrilha estão definidas como o transporte da droga e o abastecimento das comunidades.
Na investigação, os policiais também apuram o envolvimento de moradores de comunidades que atuariam como informantes dos traficantes. Essas pessoas avisariam os bandidos assim que a polícia chegasse a esses locais.
Essas pessoas fazem parte do terceiro núcleo da investigação que trataria sobre a organização criminosa. Duas gravações, feitas com autorização judicial, mostram esse tipo de alerta a um traficante identificado como Shrek.
"Atrapalham muito a nossa ação policial porque, na verdade, poderiam ajudar denunciando paiol de drogas, onde se escondem os traficantes. Eles colaboram avisando essas pessoas para se evadirem das ações policiais", contou o delegado.
G1 // AO