Brasil

Polícia pede apreensão de garoto de 17 anos suspeito de matar gaúcha

Turista morreu após ser baleada ao entrar por engano em comunidade

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 src=A Polícia Civil pediu nesta terça-feira (3) um mandado de busca e apreensão contra um adolescente de 17 anos suspeito de ter matado a turista gaúcha Daniela de Oliveira Soares em Florianópolis na madrugada de domingo (1), afirmou o delegado Ênio Matos. Segundo ele, a Justiça ainda não havia decidido até a publicação desta notícia se concede o mandado.

Daniela foi baleada depois de entrar por engano na comunidade Papaquara, no Norte da Ilha, ao seguir indicações do GPS. O adolescente suspeito tem infrações antecedentes por envolvimento no tráfico de drogas, disse o delegado.

Comunidade
A comunidade do Papaquara, onde houve o crime, fica no Norte da Ilha no bairro Vargem Grande, entre as rodovias SC-401 e SC-403. O nome é o mesmo do rio que passa atrás das últimas casas dos moradores.

Muitas famílias chegaram ocupando áreas de preservação ambiental. Em 2011, a prefeitura tentou conter a ocupação irregular. Uma operação chegou a demolir casas, mas cinco anos depois o lugar está com mais moradias e atraiu um grupo criminoso.

Um morador que não quis se identificar conversou com o RBS Notícias sobre o lugar. Ele disse que integrantes da organização criminosa andam armados dentro da comunidade. "Na hora que a polícia desce, eles entram dentro das nossa casas! E nos impedem de contar. Se a gente abrir a boca enquanto eles estiverem escondidos, eles pegam e matam a gente".

Segundo o morador, os criminosos estão na comunidade há mais de um ano. "Ah, tem em torno de um ano e pouco, já, mais ou menos… porque troca todo dia de pessoas". Ele também disse que eles são jovens. "Tem menores e acho que os mais velhos têm em torno, assim, de 20, 20 e poucos anos. São novos. São bem novos".

Ele também relatou que o acesso à comunidade é controlado pelos criminosos. "Eles colocam geladeira à noite na rua, lixeira. Toda noite. E aí a pessoa desce do carro, tira o entulho, coloca do lado da rua, passa, para o carro, volta e coloca… de volta. Se tu não colocares, eles miram uma arma dentro do teu carro".

O comando da PM no Norte da Ilha disse que desde dezembro não tem conhecimento de nenhuma barreira que obrigue os moradores a se identificar para criminosos.

Operações
A Polícia Militar disse que vai continuar as operações na comunidade. Em dezembro, fez prisões e apreensões e mantém barreiras desde o assassinato da turista. Mas explicou que o combate aos traficantes não pode pôr em risco os moradores.

"Essas pessoas entram e invadem casas. Elas usam as pessoas de bem como refém. E aí a Polícia Militar, o que é que vai fazer? Vai entrar nesses locais, estourar portas e buscar tais pessoas? Talvez nós provocássemos uma situação pior do que a que houve e estaria hoje eu aqui me explicando o caso da violência praticada pela Polícia Militar", disse o subcomandante geral da PM, coronel João Henrique Silva.

A prefeitura, sob nova gestão, disse nesta terça que vai promover ações de assistência social na comunidade. "Essa comunidade terá a atenção do município de Florianópolis. Através de projetos sociais nas áreas de esporte, da educação, e com fortalecimento muito grande nos vínculos culturais, históricos e da educação do município", disse o secretário municipal de Cultura, Esporte e Juventude, Vanderlei Farias.

O crime
Conforme a Polícia Militar, o marido da vítima, Felipe Augusto Soares, relatou que ela chegou a comentar que viu dois homens com bebidas nas mãos e um com uma pistola em punho. Ao dar a volta na Tucson que dirigia, Felipe ouviu o estampido de um tiro e Daniela caiu sobre o colo dele. A vítima estava no banco do carona e foi atingida por um tiro na cabeça.

Conforme a RBS TV, o cunhado da vítima estava em outro carro e ia para o mesmo local, foi por outra rua. “Meu cunhado [marido da Daniela] saiu e colocou o aplicativo, eu não vi, pensei que ele iria mais adiante para fazer o contorno. Eu fiz o contorno com o meu carro e voltei pelo mesmo trajeto pelo qual tinha vindo. Na metade do caminho foram nos avisar que tinha dado um problema. Quando chegamos lá, minha cunhada tinha sido baleada”, conta Rodrigo Fernandes, que é casado com a irmã de Daniela.

Mudança para fugir da violência
"Toda família se mudou para lá [Florianópolis], a irmã dela, sobrinho, a nossa afilhada, pai e mãe dela para fugir dessa violência que assola o nosso estado, considerando que Santa Catarina tem uma das capitais com o menor índice de criminalidade. Quatro dias depois, minha esposa voltou dentro de um caixão", contou o marido de Daniela.

Reprodução: G1