A Polícia Civil de São Paulo prendeu duas pessoas sob a suspeita de participação no roubo de cerca de 720 quilos de ouro no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na última quinta (25). Ambas as prisões são temporárias e foram determinadas pela Justiça de São Paulo a pedido dos policiais.
Um dos presos é o aeroviário Peterson Patrício, 33, preso na noite deste sábado (27). Ele é funcionário do terminal de cargas do aeroporto e alegou, horas depois do crime, ter sido obrigado pelos criminosos a ajudar no roubo após ser mantido refém, junto da família desde o dia anterior.
Agora, segundo apurou a Folha, ele confessou participação na ação criminosa. Disse, porém, que a família não sabia do envolvimento dele e também foi enganada.
O funcionário mora na travessa Nem Ouro Nem Prata, no Jardim da Conquista, zona leste da capital —onde teria funcionado um dos cativeiros.
O outro suspeito preso, Peterson Brasil, também é funcionário do aeroporto. A Justiça determinou a prisão dele no começo na noite deste domingo (28). O suspeito já estava detido no Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).
Nas imagens registradas no momento do roubo, captadas pelo sistema de segurança do aeroporto, Patrício é o primeiro a aparecer descendo de uma caminhonete clonada da Polícia Federal.
É ele também quem indica aos outros integrantes da quadrilha o local exato onde estavam os malotes de ouro —cujo valor supera R$ 120 milhões— e chega a carregar com as mãos peças que estavam soltas em um contêiner.
Até agora nenhum grama do ouro foi recuperado. Os investigadores estimam que a quadrilha tenha gasto cerca de R$ 1 milhão para levar a cabo o roubo.
Segundo a Folha apurou, as suspeitas começaram a recair sobre o funcionário após uma série de contradições na versão contada por ele. Após admitir o crime, ele apontou o colega como comparsa.
Desde o início das investigações, uma das principais linhas seguidas pela polícia era tentar descobrir qual teria sido o funcionário do aeroporto (ou da empresa de transporte de valores) responsável pelo vazamento de informações privilegiadas.
A polícia tinha certeza de que havia esse colaborador (ou colaboradores), porque os bandidos não tinham como obter tantos detalhes precisos sobre a carga, como o dia e horário que estaria ali.
A polícia só não sabia que era o próprio Patrício essa pessoa quem estaria ajudando a quadrilha, até porque, segundo os colegas, era um funcionário exemplar.
De acordo com o delegado João Carlos Miguel Hueb, o aeroviário trabalhava havia sete anos no aeroporto de Guarulhos e nunca apresentou nenhum problema que pudesse levantar suspeitas.
Conforme reportagem da Folha, a cúpula da Polícia Civil considera muito difícil reaver o ouro roubado na quinta —isso não muda com a prisão desses suspeitos agora.
Isso porque o material é facilmente derretido e vendido no mercado sem deixar indício de ser produto de crime. Os policiais acreditam que a quadrilha pudesse ter até mesmo um comprador do ouro antes de executar o plano.
A Polícia Civil também aguarda para esta segunda informações sobre os donos do ouro. Até o final de semana, segundo a reportagem apurou, a polícia tinha recebido parte delas —sabia apenas serem integrantes de um grupo de investidores.
De acordo com o registro policial, todo o ouro estava dividido em 31 malotes.
Vinte e quatro deles, pesando 565,5 quilos e avaliados em U$ 24,4 milhões, tinham como destino final o aeroporto JFK em Nova York.
Os outros sete malotes, pesando 153,4 quilos e avaliados em U$ 4,8 milhões, tinham como local de desembarque o aeroporto YYZ, no Canadá.
O roubo que levou a prisão do aeroviário ocorreu na tarde da última quinta (25) quando criminosos disfarçados de policiais federais entraram no terminal de cargas. Com ajuda de um empilhadeira, eles colocaram a carga de ouro em um caminhonete e fugiram.
Os carros clonados da Polícia Federal forma abandonados minutos depois em um terreno na zona leste, na região do Jardim Pantanal.
Nesse local, os bandidos fugiram em outras duas caminhonetes (uma branca e outra prata), que seriam também abandonadas minutos depois, também na zona leste.
Para a polícia, todos os veículos usados na ação foram comprados pelos bandidos. Estima-se que o grupo gastou quase R$ 1 milhão na organização do crime, entre compra de ao menos sete carros, armas e equipamentos.
Na versão de Patrício, toda ação começou quando um ambulância cruzou a frente do veículo dele, levando a mulher dele como refém.
Dois bandidos voltaram a encontrar o funcionário no final da tarde, e todos foram para casa dele, fazendo a família de Peterson refém. Os familiares foram liberados no começo da noite.
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