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Polícia de SP identifica suspeitos de pichar Ponte Estaiada, Centro Cultural e Masp

Investigação aponta 19 pessoas como responsáveis por pichações em patrimônios públicos e privados da capital.

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A polícia Civil de São Paulo diz ter identificado 19 pichadores de dois dos principais grupos que atuam na capital paulista. A investigação, que começou em setembro do ano passado, foi concluída neste mês e o SPTV teve acesso aos inquéritos em primeira mão.

Para a polícia, os grupos são responsáveis por pichações no Masp, na Ponte Estaiada e em diversos outros pontos da cidade. Eles serão indiciados por associação criminosa.

Imagens anexadas ao processo mostram integrantes do grupo pichando prédios e patrimônios públicos e privados. Nos vídeos gravados por eles mesmos no terraço de edifícios, os pichadores aparecem utilizando antenas, adaptadas com rolos de tinta, para alcançar os locais mais improváveis. Como via de regra, evitam mostrar o rosto.

De acordo com o delegado Marcos Galli Casseb, os inquéritos recém-concluídos pela polícia “esclarecem a autoria de dezenas e dezenas de crimes de pichação praticados na cidade de São Paulo”. “As investigações progrediram no sentido de se constatar a existência de associações criminosas destinadas à prática do picho”, acrescentou.

Entre os pichadores identificados estão 14 homens e cinco mulheres, com idades entre 20 e 30 anos, predominantemente. “Alguns têm uma atividade lícita durante o dia. Trabalham e, à noite, praticam a pichação”, disse Casseb.

Policiais usaram redes sociais na investigação para chegar aos 19 nomes. Os padrões de escrita e as assinaturas deixadas pelos pichadores levam a polícia a afirmar que eles estão envolvidos na depredação do Masp, do Centro Cultural São Paulo e das pontes Estaiada (Octavio Frias de Oliveira) e Estaiadinha (Governador Orestes Quércia). “Além de dezenas de prédios particulares.”

Ponto de encontro

A Rua Dom José de Barros, no Centro da capital, é ponto de encontro de pichadores às quintas-feiras. Eles se reúnem no local para confraternizar. Desenham em cadernos, compartilham os rabiscos com os colegas e, muitas vezes, combinam de partir dali para as pichações noturnas.

Douglas Melo, mais conhecido como Dodô, é um dos frequentadores assíduos dos encontros. Para ele, a pichação é uma forma de expressão e de se comunicar com o Poder Público. “A gente não usa arma. A gente usa lata de spray. A gente sobe janelas de prédios e, se a gente cair, morreu, morreu. Eu dou minha vida para pichar uma janela”, contou.

O vendedor ambulante Henrique da Silva é outro que costumar ir ao local às quintas, mesmo já tendo “aposentado” o spray. Ele diz que deixou a vida de pichador depois que foi detido por guardas-municipais: “Eu fui pego e eles me agrediram. Aí eu fiquei com trauma e parei de pichar. Para mim, pichação é arte e uma forma de protesto”.

Pichar é crime ambiental passível de três meses a um ano de prisão nos casos de flagrante. A pena pode ser revertida pela Justiça posteriormente em serviço comunitário ou no pagamento de cestas básicas. A Polícia Civil vai chamar os 19 suspeitos para prestar depoimento. Os inquéritos já foram enviados ao Ministério Público.

Reprodução/G1