Brasil

PF investiga angolano suspeito de falsificar documentos e enviar ilegalmente crianças do Rio para fora do Brasil

Desde junho de 2017, Lutezo Daniel Lovi retirou cinco passaportes em nome de cinco crianças diferentes, com idades entre 6 e 11 anos.

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Em rede social, Daniel Lovi aparece com crianças que tem pendurados passaportes no pescoço (Foto: Reprodução Facebook)

A Polícia Federal investiga por que e como um angolano falsificou documentos, conseguiu passaportes e enviou ilegalmente ao menos cinco crianças do Rio de Janeiro para fora do Brasil. A suspeita é que o caso envolva tráfico de pessoas ou prostituição infantil.

Lutezo Daniel Lovi, de 44 anos, foi preso no dia 1º de março e atualmente está na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte da cidade.

Segundo investigação da PF e depoimentos aos quais o G1 teve acesso, Daniel Lovi ofereceu dinheiro a mulheres da comunidade Cinco Bocas, em Brás de Pina, também na Zona Norte, para que elas fossem a maternidades ou a hospitais onde tiveram filhos e solicitassem a segunda via da Declaração de Nascido Vivo (DNV) das crianças.

A declaração é um documento emitido por unidades de saúde particulares e públicas de todo o Brasil. Com ela, é possível, por exemplo, registrar o recém-nascido em cartório e, consequentemente, emitir a certidão de nascimento do bebê.

Com o papel em mãos, o angolano conseguiu dar entrada em documentos de cinco crianças, desde junho do ano passado, e obter passaporte para todas elas.

Mulheres abordadas por Daniel Lovi contaram na delegacia da PF em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, que aceitaram retirar uma nova DNV após receber dele R$ 250.

Em depoimento à PF, uma delas contou que, com outra mãe, foram procuradas por Daniel Lovi em 2017. Para conseguir a documentação, o angolano disse, ainda segundo elas, que as novas vias das declarações seriam usadas para trazer crianças da África, e não levá-las para fora do Brasil.

Não está claro ainda para qual país as crianças foram enviadas.

"Ele me pediu se eu topava conseguir a guia amarela para ajudar trazer parentes dele [da África] pra cá", disse uma das mulheres ao G1. Ela, que pediu para não ser identificada, afirmou ter ido a uma unidade da prefeitura para obter o documento. "Eu peguei a guia amarela [da declaração] e paramos em outro lugar para reconhecer firma. Ele pediu para eu assinar, mas eu não sei ler. Eu escrevo muito mal o meu nome."

Fonte: G1 // AO